quinta-feira, 24 de maio de 2012

XUXA MENEGHEL

Krretta hcarretta@yahoo.com.br Ao contrário do que muitos pensam, não considero Xuxa uma gaúcha, muito embora tenha nascido em Santa Rosa-RS, mesmo porque sua entrevista começa dizendo que ela se lembra de Bento Ribeiro, subúrbio do Rio de Janeiro, do trem, do banho de sol na laje e, que são coisas que não saem da cabeça dela. Então, nada a considerar do RGS, muito menos de sua infância, pois ela foi criada em um bairro da Cidade Maravilhosa, e, pouco tem a ver conosco, o que não basta sua participação “errônea” como gaúcha numa série da Rede Globo, onde, forçosamente, queria falar “nossa língua”, o que, vamos combinar, ficou ridículo. É bom que se afirme que não vai aqui nenhum sentimento de bairrismo, mas quem viveu desde tenra idade em outro estado ou outro país, sentimentalmente, e, apenas e tão somente a parte sentimental, pode-se considerar nativa, pois o que demais existe, nada tem a ver com o “pago”. Novamente disserto esta coluna, antes, bem antes de nosso semanário ir às bancas, já que estamos “convocados” a entregar nossas matérias até antes de findar as terças-feiras, o que fará, sem sombra de dúvidas chegarem aos nossos leitores ou leitoras os assuntos um tanto quanto defasados, mas que se torna importante falar hoje da Xuxa e sua entrevista, pois não é um depoimento comum, mesmo vindo de Maria da Graça Meneghel, evasiva, frívola, longínqua, rude, tosca, mas que vem de um sentimento até então desconhecido, e, que por muitas vezes irá justificar algumas de suas atitudes, nem todas, é claro. Também vale a ressalva de que lhe imputam filmes libidinosos, quando na ascensão de sua carreira, mas que ninguém, até hoje, provaram sua veracidade. ...se ninguém tem pecado, que atirem a primeira pedra. Todavia, o interesse desta entrevista esta justamente aqui: “Pelo fato de eu ser muito grande, chamar a atenção, eu fui abusada, então eu sei o que é. Eu sei o que uma criança sente. A gente sente vergonha, a gente não quer falar sobre isso. A gente acha que a gente é culpada. Eu sempre achei que eu estava fazendo alguma coisa: ou era minha roupa ou era o que eu fazia que chamava a atenção, porque não foi uma pessoa, foram algumas pessoas que fizeram isso. E em situações diferentes, em momentos diferentes da minha vida. Então ao invés de eu falar para as pessoas, eu tinha vergonha, me calava, me sentia mal, me sentia suja, me sentia errada. E se eu não tivesse uma mãe, se eu não tivesse o amor da minha mãe, eu teria ido embora, porque o medo de você ter aquelas sensações de novo, passar por tudo isso, é muito grande. Só que eu não falei pra minha mãe, eu não tinha essa coragem de falar com ela. E a maioria das crianças, dos adolescentes passa por isso. Eu não me lembro direito porque eu era muito nova, eu me lembro do cheiro. Tinha cheiro de álcool, tinha cheiro de alguma coisa e eu não sei quem foi. E depois aconteceram muitas vezes. Parou aos 13 anos, quando eu consegui fugir. Agora tem essas coisas que pra mim doem, me machucam, me dá vontade de vomitar. Quando eu lembro que tudo isso aconteceu e eu não pude fazer nada porque eu não sabia, eu não tinha experiência. O que uma criança pode fazer?” Tenho a certeza de que pouco ou quase nada existe a comentar, a não ser sentir indignação, revolta, repulsa destas coisas que, infelizmente, ainda acontecem por este Brasil afora, e, que, esta mulher, Xuxa Meneghel, em um programa de rede nacional, resolveu contar para que todas saibam da sua vida, no entanto, que não fiquem as autoridades apenas comentando, caso contrário, nada valeu a pena. Que estas autoridades tomem, por exemplo, esta experiência de vida e, ajam com mais rigor, atuem com mais competência, trabalhem em prol das crianças, pois muitas e muitas delas, neste instante, estão sendo estupradas, sem que ninguém as acudam, em seus gritos de clemência, quando imploram amor, ao invés da violência. Pela Xuxa valeu sua coragem em propagar suas chagas, suas feridas, e que tudo isso tenha somente um intuito: a proteção de nossas crianças, em todo o mundo. Se pelo intuito, valeu a pena!

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