quarta-feira, 4 de março de 2020


SETE PASTÉIS

                                                                                                            Krretta

        Há bem pouco tempo atrás, tinha um armazém aqui na cidade que foi muito frequentado.
        Era um armazém qualificado, não só pela quantidade de mercadorias que possuía, daqueles armazéns que não faltava nada, mas também por “juntar” pessoas de todos os credos, tendências políticas, preferências clubísticas, profissões e raças.
        E, por incrível que pareça, não era uma Torre de Babel, ao contrário, pois sempre ali reinou a paz e a boa convivência.
        Mesmo que, no plenário, o aperitivo era quem reinava absoluto.
        Embora isso possa parecer paradoxal, a mistura de pessoas e bebidas, era a harmonia que sempre imperava.
        Amizade, respeito mútuo e a boa conversa.
        E, nunca teve restrição de assuntos a serem abordados.
        Muitos e muitos causos foram contados naquele ambiente e, outras tantas histórias aconteceram por ali.
        Algumas normas regiam o funcionamento do armazém, como por exemplo, quando o dono começava a fechar as portas, sabia-se que era terminar o que tinha na garrafa ou no copo e, não tinha mais chance nenhuma de tomar a “saideira”; a “cuba” só podia ser acompanhada pela Coca-Cola garrafa ou lata, nunca 1 litro... 2 litros nem pensar...
        Levar para casa podia e era a alegria do dono.
        Senhores, senhoras, crianças, moças, entravam no armazém e, nunca se ouviu falar que alguém tivesse feito uma piada ou um mexerico de mau gosto.
        Essa era outra característica dos seus frequentadores, ou seja, o respeito pelos outros fregueses do estabelecimento, e, também, a certeza dos outros fregueses que ali podiam entrar sem nenhum constrangimento, isso se faz necessário que se registre.
        Ali, tinha um dos melhores pastéis da cidade, para acompanhar o aperitivo ou, até mesmo, para lanchar.
        E, quando chegava, ainda com o recheio fumegante, era um manjar dos deuses, visto que, conforme um parente meu: beber exige que se alimente...
        O prato estava sempre em cima do balcão frigorífico, a disposição do freguês.
        Certa feita, aconteceu um fato bastante hilário com um desses raros frequentadores, pois que sim eles existiam e eram como o cometa Halley...
        É preciso esclarecer que este personagem tinha uma estatura meio que avantajada, lateral e “práfrentemente”, como dizia o célebre personagem de Dias Gomes, Odorico Paraguaçu.
        Muito embora fosse um tanto quanto retaco.
        Mas, o causo se deu da seguinte maneira...
        Certa feita o dito cujo chegou no armazém, deu uma enrolada por ali, uma conversada com as pessoas que estavam no recinto e, sem titubear, começou a degustar os tais pastéis, um por um, sem dar tempo prá ninguém falar.
        O dono do estabelecimento, que já conhecia o gajo, em nada estranhou aquele apetite voraz, mas os presentes ficaram atônitos, pois nunca tinham visto uma pessoa ingerir SETE pastéis, e, pior ainda, comê-los sem nenhum fastio.
        Sim, o gajo comeu SETE pastéis.
        Como diria o gaúcho: bota esganado nisso!
        Mas, tinha justificativa, pois encher aquele “panduio” todo, não seria em hipótese alguma com um ou dois pastéis.
        SETE pastéis! Oigaletê, louco!
        Mas o espanto ficou para o depois, ou melhor para o pedido final, depois de ter ingerido os tais SETE pastéis...
        Diga-se de passagem, o que ocasionou uma perplexidade bem maior e gargalhadas muitas dos presentes... depois...
- Fulano! Me dá uma Coca Diet!!
 Ãh? Coca-Cola ZERO?
Convenhamos, depois de SETE pastéis...???

       
       


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