sexta-feira, 28 de fevereiro de 2020


HONORÁVEIS RESISTENTES

                                                                                                                                                                                                                Krretta

            De antemão, vamos já anunciar de que é apenas uma constatação, portanto, não gastem pedras, paus e demais tipos de agressões...pois não valerá a pena.
            E, tudo isso vêm para enfrentar a crise econômica que assola o país, exigindo do Poder Público medidas que, até então, jamais seriam pensadas e, muito menos executadas.
            Longe, muito longe, quase lá no passado já se constatava que o carnaval estava se transformando não mais numa festa momesca, intensa e divertida, mas num simples e mero feriadão prolongado.
            Somente, e isso estamos falando lá atrás, os honoráveis resistentes já demonstravam a sua vontade e sua gana em manter a festa em alto nível e sem jamais pensar no seu arrefecimento.
            Infelizmente uma doce ilusão.
            As coisas mudaram.
            Aliás, muitas coisas influenciaram para que o reinado de Momo fosse aos poucos dando mostras de que, iniciava assim, a sua decadência, senão vejamos: a violência urbana, a falta de patrocínio, o desinteresse geral pelo evento, a descoberta de outros tipos de lazer e, a principal, a crise financeira generalizada.
            Ah, honoráveis resistentes...
            Tudo isso vêm inspirando os administradores públicos a cortarem as verbas destinadas ao já intitulado efêmero carnaval, pois que muitas outras necessidades se fazem merecedoras, tal qual a saúde, a educação e a própria segurança dos municípios, e que todos reclamam e, que todos reivindicam...vai dizer que não?
            Sim, é difícil de aceitar, mas é a nossa realidade.
            O que começou por casos isolados, agora, inspiram dezenas, centenas de prefeitos que desistem do apoio ao carnaval e para as entidades carnavalescas e, ganham os aplausos dos que “não gostam de samba”, daqueles que são “ruins da cabeça”, ou “doentes do pé”.
            Não, eu não afirmo sob hipótese nenhuma de que o carnaval, logo ali, vai respirar por aparelhos, pois que existem os “honoráveis resistentes”, bárbaros e incansáveis batalhadores da festa essencialmente tupiniquim e, que, de um jeito ou do outro, ganhou o mundo.
            Prova disso está na nossa bucólica Encruzilhada que, na data apropriada, com o esforço destas pessoas que se dedicam a preservar a festa, conseguiram manter o carnaval de rua e, os já jovens senhores e senhoras, seguraram com maestria as festas de salão.
            Torço para que o carnaval volte ao que era antes, quando turistas invadiam nossas ruas para admirar o trabalho das escolas de samba e dos blocos burlescos, mas, também sou realista em afirmar que não há quase nada que aponte para esse sentido.
            Sinceramente? Temo pelo fim da festa.
            Não, não estou sendo pessimista, apenas aponto para uma realidade que está aí, quando os administradores públicos estão dando ênfase para obras na saúde, construindo escolas e investindo em segurança, com as verbas que seriam destinadas ao carnaval.
            Por favor, as notícias estão aí para quem quiser se informar...
            Ah, sim, não deixemos de grifar sobre mais um agravante do nosso carnaval e, quando falo nosso, falo do carnaval do Brasil: em Belo Horizonte sob a alegação do politicamente correto, a prefeitura mineira publicou em seu Diário Oficial, uma espécie de conduta ética...estão proibidas as execuções das marchinhas de carnaval que agridam as minorias, por exemplo, “o teu cabelo não nega...”, “mulata bossa-nova”, “olha a cabeleira do Zezé...”
            Logo ali, ...homem se vestir de mulher, nem pensar...
            Ah, honoráveis resistentes...a luta de vocês será árdua, incessante, complicada, mas nada que, depois de realizada a festa, não venha o prazer do dever cumprido.
            Não existe carnaval sem a crítica, sem as brincadeiras, sem o protesto, sem as fantasias...pois que então, não será Brasil, mas sem apoio...é quase impossível.
            Honoráveis resistentes, “não fujam da fera, enfrentem o leão, construam a manhã desejada...!!!”
           

           
           

Nenhum comentário: