Leia não para contradizer nem para acreditar, mas para ponderar e considerar. Francis Bacon – filósofo inglês
sexta-feira, 27 de abril de 2012
PENSANDO, PENSANDO, PENSANDO...
Krretta
hcarretta@yahoo.com.br
Talvez as pessoas não tenham entendido muito bem, talvez não tenham alcançado onde a mensagem queria chegar, talvez o sucesso do grande evento estivesse justamente em quem é pensador, ou seja, livros rimam com pensamento, com pensativos, com Pensador.
É por aí.
Pois, esta semana eclodiu na imprensa, primeiramente estadual, e, creio que, posteriormente na imprensa nacional e, quiçá, estrangeira, o evento literário que estaria por acontecer na cidade serrana de Bento Gonçalves-RS, onde o rapper Gabriel, o Pensador, foi convidado para ser o patrono e, de lambuja, estaria assinando um contrato de nada mais, nada menos do que 170 mil reais, pela sua presença no evento, um show de rapper, pela venda de 2 mil livros de sua autoria e, uma plenária sobre o seu projeto sobre futebol, o qual mantém na cidade do Rio de Janeiro.
Não houve nenhuma dúvida quando da sua divulgação, de que não poderia “rolar” tal fato, o qual estaria sendo pago pela Prefeitura Municipal de Bento Gonçalves, através de algumas pastas encarregadas do evento, Educação e a pasta da Cultura.
Aliás, após a propaganda da festa literária, após a indignação do povo rio-grandense, vejam bem, não foi nem da comunidade de Bento Gonçalves, mas, sim, da comunidade rio-grandense, seus organizadores logo trataram de esclarecer os fatos, principalmente quando consultados pela culpabilidade do contrato, imediatamente dizendo que não sabiam das cifras tratadas e, que, tomariam as medidas necessárias.
Tais medidas, passados alguns dias, não se tratavam de outras se não, de que estavam ali para esclarecerem os fatos, no entanto, nunca, em nenhum momento, falaram em cancelar o “patrono”, seus dois mil livros, o show, e, a palestra.
Por vontade própria e sozinho, Gabriel, o Pensador, convocou uma entrevista coletiva em um hotel da cidade e, felizmente, desistiu do cachê, dizendo que não iria cobrar nada e, que, sempre valia a pena.
Não, isso não, afinal o que é 170 mil reais para um rapper da gema carioca vir aqui no frio do Rio Grande do Sul participar de um evento literário, por mais livros que possa ter escrito (Diário Noturno e Um Garoto Chamado Rorbeto), por mais obras que tenham se revelado best-seller, por mais que entenda de futebol, o que não é o caso em nenhuma das opções acima citadas, tenho a plena certeza de que o cachê “é muita areia para o caminhãozinho dele”.
Vamos deixar uma coisa bem clara: nada tenho nem contra e nem a favor de Gabriel, o Pensador, como se diz no mercado: a pedida é livre.
Tem quem pague, tem quem não pague, tem quem pague e ganhe um pouquinho, tem quem pague e ganhe um montão, tudo são tratativas do mundo moderno dos negócios.
Contudo, eu diria que, primeiramente, é uma falta de criatividade a toda prova a convocação de um cantor de rapper para ser patrono de um evento literário, e, depois, um disparate disponibilizar do erário público o valor de 170 mil reais para pagar um cachê.
Será que não temos nenhum escritor em condições de representar, e muito bem, a literatura gaúcha e brasileira em tal evento, será que não temos nenhum exponencial literário, nenhum músico nativista, nenhum cronista, articulista, ou, uma personalidade brilhante no afeto as letras para ser patrono de uma feira literária na cidade de Bento Gonçalves?
É, cada um com os seus...
É várzea? É o meu País, é o Brasil!
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