quarta-feira, 4 de abril de 2012

O CREPÚSCULO DE UMA CLASSE

Krretta
hcarretta@yahoo.com.br

Não há mais nada o que dizer.
Quando um ministro de estado entende que se deva cumprir, em todos os estados da Federação, o piso básico de remuneração de uma categoria, e, ajuda a promulgar a lei para que se cumpra, nada mais se espera do que realmente se cumpra a determinada lei, não é verdade?
Não, não é verdade!
Então, vem à campanha eleitoral para eleição dos governadores de estado, e, lá está aquele ex-ministro, o mesmo que ajudou a sancionar a lei do piso básico de certa categoria, e, afirma que se eleito fosse, faria cumprir esta determinada lei, como compromisso de campanha, e o que se espera?
Que seja cumprida a promessa de campanha, não é verdade?
Não, não é verdade!
Tenho saudades dos bancos escolares, da tenra idade estudantil, do Grupo Escolar Silveira Martins, principalmente das professoras, dedicadas, solícitas, impregnadas de novos horizontes, cheias de boa vontade, incutidas de grandes sabedorias, e, que, pacientemente nos trouxeram a alfabetização e o aprendizado, desde aquela época, até quando escrevo estas linhas, que por elas me foram adestradas.
Se hoje o prezado leitor, a prezada leitora consegue ler este texto, é porque também frequentou os bancos escolares, é porque também esteve na fonte de ensino de uma professora, talvez de um professor, não seria diferente o indício da vocação de transmitir conhecimentos os catedráticos.
Talvez fossem tempos diferentes, talvez houvesse mais reconhecimento, talvez houvesse mais carinho, talvez houvesse mais respeito e inegável gratidão ao magistério, não sei, mas o que sei me basta para admirar e, sempre agradecer aos professores o que hoje posso fazer, mesmo o trivial, que é ler e escrever.
Nada hoje é mais verdade que durante ao longo dos anos depauperaram a classe do professorado, e, como se não bastasse, num desespero da sociedade que pede socorro quanto à educação de seus filhos, basicamente transferiram aos poucos esta tarefa para as salas de aula, onerando ainda mais a responsabilidade moral dos abnegados ensinadores, sem lhes darem guarida, tanto monetária, quanto logisticamente.
Reclamar a quem, se a quem de direito lhes dá as costas, e, nem a lei será cumprida com o pagamento do piso salarial nacional?
Os que antes apoiavam o magistério são os que hoje lhes negam abrigo aos rigores da lei e, os que ontem lhes negaram melhores condições de vida, hoje, agarram-se desesperados a corda da crítica, defendendo não somente o professorado, como também querendo as migalhas de alguns possíveis votos.
Infelizmente, usurpam da classe como massa de manobra.
Até mesmo o seu próprio sindicato, ou melhor, os ocupantes de cargos dentro deste mesmo sindicato, usaram-no como trampolim político, isso é público e é notório, para mais adiante locupletarem-se nas entrâncias do poder, esquecendo-se totalmente de suas origens sindicalistas e, viraram as costas aos catedráticos.
Senti de perto a emoção dos professores quando o assunto em pauta dava conta de mais uma batalha perdida na longa luta do magistério, vi lágrimas de vergonha, de tristeza, de impotência em face de mais uma derrota, mas vi, também, a honradez, a fibra, a lucidez de seus compromissos como educadores, o que já há muito tempo não é mais uma profissão, mas uma vibrante e verdadeira vocação, qual não seja o de apenas e tão somente ensinar, mesmo os que hoje lhes negam dignidade.
Tenho dito.

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