Leia não para contradizer nem para acreditar, mas para ponderar e considerar. Francis Bacon – filósofo inglês
terça-feira, 28 de agosto de 2012
CELULAR X CIGARRO
Krretta
hcarretta@yahoo.com.br
Li, notícia que dá conta de que o celular substitui o cigarro.
Num primeiro momento não entendi muito bem a substituição, mas, depois, ficou claro e evidente, principalmente quando nos reportamos aos dias de hoje, onde estes aparelhos estão presentes em todos os instantes.
Tudo começou assim:
“Ela era muito linda.
Com toda a certeza a mais bonita de todo o bairro.
Uma morena de tirar o fôlego.
Seus cabelos sedosos brilhavam a luz do sol, compridos, caíam à meia cintura, valorizando seus já voluptuosos quadris.
As pernas bem torneadas davam conta daquele corpo desejado por toda a turma, sempre com muito respeito, é claro.
O rosto, bem, o rosto era uma combinação de olhos pretos da graúna, com um nariz extremamente bem torneado, e, uma boca sensual, onde o carmim do batom deixava claro que um beijo deveria ser o manjar dos deuses.
Não tínhamos tocado, mas, sabíamos que a pele era feita da mais pura seda, uma pele morena, sensível ao toque, pode apostar, e, que deixava a mostra sua origem.
Ela era muito linda, sem sombra de dúvidas.
Sentados em algum portal de uma casa qualquer, víamos passar, e, sentíamos o balanço daquele caminhar somo uma sinfonia para os olhos, ao invés dos ouvidos, o que era totalmente diferente, ou seja, como poderíamos escutar uma filarmônica com os olhos, mas, com Ela, tudo era possível.
Ela.
Morena impávida, tesa, descomunal.
Seus pés? Ah, seus pés! Pequenos, base para seus 1,79 m de um corpo escultural eram lindos, dedos uniformes, pintadas as unhas simétricas, se deixavam escorregar pela sandália entrelaçada nos seus belos tornozelos.
Ele a desejava como nunca.
Estava ávido por aquela conquista.
Não duvidávamos de sua capacidade de vencer.
Os tempos já são outros, vivemos numa época de que nada é impossível, tudo é perfeitamente realizável, afinal de contas estão aí as parafernálias da comunicação, por exemplo, onde ter um distante notebook que era para nós, trogloditas da informática, hoje é como um playmobil lembram?
Ou um trem de lata de leite Ninho, que chamávamos de “rolo”, com eixo de arame e puxador de barbante encerado, que era para não rebentar tão fácil.
Pois é, os tempos mudaram.
Tanto mudaram que Ele, conquistou a morena.
Ela não era tão difícil assim, ou seja, não estava tão distante de um amor, de uma conquista, Ela era também sensível, e, isso nós já sabíamos, mas, o que não sabíamos que a conquista iria bem mais longe.
Tudo caminhava para um epílogo feliz e, disso não tínhamos dúvida nenhuma.
Pois aconteceu.
Acontece com muitos.
A conquista chegava ao seu ápice, aos píncaros do desejo e da satisfação carnal, não tinha como não ser assim, ainda mais Ela, linda, esbelta, escultural, de quadris voluptuosos, lábios de um carmim incrivelmente sensual, e, olhos pretos da cor da graúna, atentos, vorazes, penetrantes, com os quais percebia os nossos mais recônditos desejos.
Pois Ela e Ele chegaram, e, acredito que não só chegaram, como também ultrapassaram os limites da normalidade, do trivial, do conhecido, do lido, do aprendido.
Com toda a certeza buscaram inspirações em Afrodite, a deusa do amor, da sexualidade, em Apolo, o deus da beleza, buscaram inspirações em si mesmos, acreditaram em suas capacidades de suplantarem o notório, o vulgar, enfim.
Assim deve ter acontecido.
Até aqui, tudo bem, mas o que teria tudo isso a ver com a comparação do celular X cigarro?
Pois, justamente tem a ver com a notícia que li e, que, devido aos tempos modernos, aos tempos longe do playmobil, dos trens de latas de leite Ninho, aconteceu com Ele e Ela após esta tórrida paixão.
Saibam, então que os celulares substituíram o cigarro no pós-sexo.
Findo o conluio, ao invés do tradicional cigarro, que era o caminho natural das coisas, agora, os parceiros, foram e, vão, em busca de seus telefones para checar e-mails, conferir o Facebook, e, se facilitar, tuitar um pouquinho.
Ele e Ela não fugiram disso, afinal de contas é bem mais saudável, não é mesmo?
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