Leia não para contradizer nem para acreditar, mas para ponderar e considerar. Francis Bacon – filósofo inglês
quinta-feira, 21 de junho de 2012
INCONSISTENTE
Krretta
hcarretta@yahoo.com.br
Falavam que o papo dele era inconsistente.
Sabe como é que é?
Faltava conteúdo, não tinha consistência, não era denso, compacto, em síntese, nunca e em nenhum momento me convenceu.
Aliás, não era a mim que ele tinha que convencer e, sim, uma das meninas mais bonitas do Colégio Espírito Santo, o colégio das freiras, como era chamado o educandário que acolhia somente meninas, naquele idos tempos de Bagé, ali na Rua General Osório.
Achávamos que por direito e, por estudar no Colégio Auxiliadora, o colégio dos padres, tínhamos preferência sobre as meninas do colégio das freiras, afinal de contas, freiras e padres, nós e as meninas, era tudo a ver.
Pois o Miguel, colega e amigo, muitas vezes conclamado a se fazer presente na linha de frente das batalhas enamoradas, cada vez mais achávamos que ia dar certo e cada vez mais, ou melhor, a cada vez que compunha seu repertório para enfrentar a luta, decepcionava.
Não era consistente.
Faltava-lhe força, intensidade, potência, talvez um grande desejo de vencer, de ser respeitado nas suas intenções, mas, faltava aquele tipo de imposição, não pelo medo de lhe enfrentar, não, longe disso, mas temor sim pelo o que ele poderia fazer, ou melhor, agir em sua defesa, pelas suas conquistas, que, até então, já não eram mais corriqueiras.
Muito ao contrário, Miguel falhava cada vez mais.
E, isso, nos aborrecia, indignava a torcida.
Afinal de contas um grande amigo, de infância, um amigo que sempre torcíamos para que vencesse suas batalhas nas conquistas amorosas, mas, de um longo tempo em frente, nada lhe acontecia.
O que lhe emprestávamos era solidariedade, mais não podíamos fazer, pois autossuficiente, era direto o recado: - Eu vou conseguir, tranquilo, eu vou conseguir.
- Não deu desta vez, mas vamos trabalhar, trabalhar, e, na próxima...
Contudo, não conseguia bom êxito em suas empreitadas
E, assim, o tempo ai passando, aliás, os anos iam passando e, lá estava o colégio
das freiras, as meninas mais bonitas de Bagé, muitas enamoradas de Miguel, mas as conversas, as estratégias, os esquemas não funcionavam tão bem quanto queríamos, não funcionavam tão bem quanto ele queria, e, suas tentativas de mudanças eram sempre mal sucedidas.
A cada prélio, já nos repartíamos, uns achando que mais uma vez não ia dar certo e, outros, “enfeitados”, tinham a certeza que tudo terminaria bem.
E, não terminava, salvo raríssimas exceções.
Miguel e suas conquistas, lembro-me bem.
Tal qual o Grêmio.
São 20h54min h, de um domingo com garoa, temperatura mais para um friozinho do que qualquer outra coisa e o Miguel, ou melhor, o Grêmio aos 46 minutos do segundo tempo perdeu para o Náutico.
Inconsistente, tal qual o Miguel, mais uma decepção e, ainda tem alguns amigos que teimam em achar o time do Grêmio confiável, que vai conseguir suas intenções e, vamos acabar que nem meu amigo, na rua da amargura, de novo.
Na quarta-feira, portanto quando estiverem lendo esta crônica, será véspera do dia da batalha, Grêmio X Palmeiras, precisando de um bom papo, de um sistema convincente, de boa vontade de seus atletas, de garra, uma equipe densa, compacta, com intensidade, contudo, não posso me iludir, pois acreditar numa virada, só um milagre, pois nem do Náutico conseguimos ganhar.
Talvez o Miguel, depois de tanto tempo, tenha vencido suas batalhas, o que já não podemos dizer do nosso Grêmio, infelizmente, pois lhe falta apetite para vencer.
Não se iludam, ou eu vou queimar a língua?
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