segunda-feira, 25 de junho de 2012

O BODE NA SALA

Krretta hcarretta@yahoo.com.br Nada que não possa ficar pior. Essa é na prática a essência da filosofia do bode na sala. Seus pressupostos teóricos apontam para uma razão simples: o impressionismo. Ele procura disseminar naqueles com quem ela entra em contato, a certeza de que vivia melhor do que achava que vivia. É uma espécie de simancol psicológico, dado a frio e sem generosidade nenhuma. É uma filosofia toda embasada em experimentos concretos e indiscutíveis em resultados. Se não vejamos. O líder dessa filosofia, importunado que foi em seu dia de descanso, por um desafortunado morador que resolveu lhe procurar para se queixar do dia a dia da sua vida. Começou reclamando que o filho não gostava de estudar, que a filha só queria agora saber de namorar, que a esposa só vivia a lhe pedir pra comprar isso e aquilo etc., etc., etc. Debulhou um rosário de queixas e infelicidades. O grande líder ouviu tudo em silencio – como um grande líder – e disse pra ele que tinha uma determinação ao queixante. Que fosse agora mesmo ao chiqueiro dos bodes e pegasse o pai de chiqueiro (o maior bode de todos) e levasse pra sua casa e o amarrasse na sala de visitas e o deixasse por lá por sete dias e só após retornasse para que ele tivesse tempo de pensar no que fazer. E claro, como líder, não poderia ser contrariado. Assim foi feito. O reclamante da vida levou o pai de chiqueiro, o maior bode que tinha, afinal, líder é líder. Não precisa nem dizer que a casa ficou um pandemônio. Um pai de chiqueiro amarrado na sala com aquele cheiro de bodum incensando tudo tirou a família de vez do sério. Todo mundo reclamava, culpavam-se uns aos outros, todos tinham culpa e ninguém tinha razão. A semana passou sob o caos total dentro de casa. Ninguém nem se cumprimentava mais. Ele voltou com o bode para a segunda visita ao líder. O líder perguntou como ia à vida e ele numa frase só respondeu: um inferno! Minha vida está muito pior agora, depois que esse bode invadiu minha sala. O líder ouviu calado todas as reclamações, como um líder. Mandou que ele devolve-se o bode ao chiqueiro e voltasse pra casa o mais rápido possível e tocasse a sua vida em frente. E só voltasse daqui a sete dias. Passados os sete dias, ele chegou todo feliz na casa do líder, foi entrando e dizendo logo que agora estava tudo bem. O filho voltou a estudar, a filha só namorava nos finais de semana e estava até ajudando a mãe em casa. A mulher suspendeu os pedidos e estava até mais atenciosa. Claro, ele é que tinha ficado mais compreensivo. Mais colaboracionista e tudo estava melhor depois que aquele bode fedorento saiu do meio da sala de visita deles. (Ivaldo Gomes). -:- Pois foi exatamente isso que faltou aos administradores do Paço Municipal quanto às desavenças da Praça Ozi Teixeira. Sensibilidade, ou, talvez, um líder... É claro que a população deveria ser comunicada com mais ênfase, é claro que deveria ter muito mais divulgação, é claro que a maquete (se é que existe...) deveria ser exposta nos quatro cantos da cidade, palestra do paisagista (se é que tem...), dos responsáveis pelas secretarias responsáveis pelo processo, propagandas, enfim, tudo aquilo que se possa fazer entender o motivo das mudanças, que, a bem da verdade devem existir, a revitalização é importante sim, todavia, sem ferir ninguém. Nada de imposições desenfreadas e despóticas. Assim, o que ficou foi, por ser um ano de eleições o enorme desejo de mostrar “perfumarias” à população, quando na verdade deveriam ter colocado o bode na sala assim como já fizeram com a remodelação do trânsito no perímetro urbano, ou seja, uma grande maioria dos munícipes já sabe que a circulação pelas ruas dos veículos automotores e afins vai ter mudanças radicais, e, nem por isso, haverá de ter tantas controvérsias além das que já existem. Aguardem!

Nenhum comentário: