sexta-feira, 29 de junho de 2012

ABRAÇOS DE TAMANDUÁ

Krretta hcarretta@yahoo.com.br ...está chegando a hora. Um amigo caminhava pela rua descontraídamente, absorto em seus pensamentos, daquelas caminhadas que a vida passa junto com você por toda a sua intimidade e, aos outros, apenas um aceno, um abano, um cumprimento, e, nada mais. Como se diz, caminhava livre, leve e solto, e, com pouca percepção dos espaços reais. Pois foi quando, da rua, veio um buzinaço, e, um aceno espalhafatoso, acompanhado de um grito de – Olá, como vai, fulano, quanto tempo? Tudo bem? E a família? Sabe aquelas coisas sem tempo, fora do lugar, e, com intenções outras? Este amigo, ou conhecido, ou desconhecido, quem lhe acenava, sempre lhe tratara de antipático, pois agora mudara, e, a questão tornara-se favorável, sem nenhuma antipatia e muito menos aversão, mesmo sabendo, os dois, que suas opiniões divergiam totalmente. São tempos outros, continuou este de quem nós falamos, confessando que sempre fora visto como uma pessoa recolhida aos seus afazeres, sem muitos alardes, de pouca participação nas rodas sociais, tido por muitos por “cheio”, antipático, com suas aversões e repulsas, no entanto, nesta época, as coisas mudam completamente – assim concluiu. Como dissemos acima, e, como narra nosso dissertador, justamente nesta época as coisas mudam, e, todos nós ficamos simpáticos, amigos, e, principalmente, indispensáveis, com toda a certeza. Somos parados na rua, no bar, no supermercado, no banco, na academia, farmácia, hospital, restaurante, no carro, em casa, no escritório, e, somos abraçados, amassados, apertados, como se todo o tempo em que estivemos vivendo aqui, nesta mesma cidade, nunca, em nenhum momento ou instante de aparição casual, tínhamos sido vistos. - Que coincidência, meu amigo Fulano, como é que tá? - E os teu, vão bem? - Família, filhos, filhas, noras, genros, netos...? - Que beleza te encontrar bem, isto é muito bom. O interpelador não sabe nem se o cara está bem ou não, se está enfrentando alguma doença ou não, mas já vai logo mandando ver, e, afirmando que está tudo bem, e, depois do prólogo, então, vem os permeios, ou seja, os entretantos, já com a lábia decorada: - Pois é, meu grande amigo, estamos aí oferecendo nosso nome para o julgamento da sociedade encruzilhadense no sentido de que queremos trabalhar em prol desta comunidade, e, para tanto, nada melhor que qualificarmos este trabalho com o nosso labor, sabedores que somos, tanto tu como eu, de que estava mais do que na hora desta participação, mas, para tanto, preciso do teu auxílio nesta caminhada, preciso da tua colaboração e da tua família, pois sem vocês, eu não consigo chegar lá e, não chegando lá, tu bem sabes que nunca vamos poder mostrar todo o nosso potencial, nossas ideias, projetos, mudanças, sempre, é claro, em prol dos munícipes de Encruzilhada do Sul, sempre trabalhando pela nossa comunidade, e, longe de pensar em partido político, ao contrário, nosso ideal sempre foi e será o povo da nossa terra... ...e por aí se vai, e, o que menos interessa ao interlocutor é se a pessoa está com pressa, ou tem algum compromisso, mas, sim, o que interessa é demonstrar o quanto ele está “interessado em trabalhar” em prol da nossa comunidade. Só que, ainda ontem, este mesmo aspirante a um cargo eletivo, como diz este amigo que sugeriu o tema, era para ele um antipático, que suas opiniões eram totalmente divergentes, no entanto, é chegada a hora dos apertos de mão, dos abraços, dos largos sorrisos, mesmo entredentes, mas que não deixam de sorrir o tempo todo é chegado à hora que não existe mais nenhum antipático neste mundo, ou seja, todos são agradáveis, todos são maravilhosos, ninguém tem defeito nenhum, a não ser, é claro, quando a adversidade partidária se faz ouvir. Estamos vivendo tempos de abraços de tamanduá. Portanto, aos que tem o poder de eleger, cuidado!

Nenhum comentário: