GALINHA CEGA
Beto Carretta
- Mas então, Carretta véio, como
tu estás?
- Que maravilha, meu amigo
Pilhério, pois faz tempo que não nos vemos, aliás, não muito tempo assim, pois
que, nas eleições nos encontramos.
- Contudo, Pilhério, é sempre uma
satisfação poder te encontrar para uma prosa. Como estás?
- Nem te conto, Carretta véio, tô
voltando do meu urologista.
- Tô muito chateado, Carretta
véio.
- Mas não com a minha saúde, mas
com a muié véia, a Espiridiana.
- Tu imagina que ela me deu um
grande susto?
- Tchê, Carretta véio, eu quase tive
um ataque fulminante do coração.
- Se eu te disser que eu tô até
agora tremendo mais do que vara verde, tu não vai acreditar, mas é verdade.
- Só que eu tive que ir no urologista.
- Sabe, Carretta véio, a gente
toma por um amor, por uma amizade das nossas companheiras, que um susto desses
que eu levei, quase fui parar num cardiologista, isto sim e, na emergência do
hospital.
- Mas, amigo Pilhério, o que
houve?
- Tu estás me deixando
apreensivo, com tudo, graças a Deus eu estou te vendo aqui e na minha frente, e
parece-me que estás muito bem.
- Aliás, e a tua esposa, Dona
Espiridiana, está bem de saúde?
- Com a Graça de Deus, Carretta
véio, ela está e muito bem, só que me deu este susto.
- Tchê, Pilhério, me conta aí o
que houve, pois já estou com muita vontade de saber tudo isso.
- Pois então, Carretta véio,
minha mulher foi fazer os seus exames de rotina, aliás, o que todas as mulheres
sempre devem fazer, ou seja, aqueles exames de prevenção e, de quebra, avaliar
a sua saúde.
- Fez as consultas devidas, como
deve ser e, foram prescritos os exames que ela deveria fazer.
- Isto, Carretta véio, é muito
importante, tanto para as mulheres quanto para os homens.
- Sim, com toda a certeza, amigo
Pilhério.
- Mas, então, Carretta véio, no
dia que ela foi pegar os exames e ir ao médico, pediu para eu ir junto e, eu
acho isso muito válido, pois devemos sempre estar juntos, ainda mais nestas
ocasiões.
- E não é que, ao sair do médico,
eu muito curioso, fui logo perguntando como tinha sido a consulta, como tinha
sido os exames que ela fez, resultados, indicações, tratamentos...
- Sabe o que que ela me disse,
Carretta véio?
- Que tava com a Síndrome da
Galinha Cega!
- Putz, Pilhério, o que é isso?
- Eu também perguntei
imediatamente para ela, pois tremi nas bases, quase tive uma síncope cardíaca,
comecei a suar frio, o coração se acelerou, me senti quase desfalecendo...
- Por favor, muié, o que é isso?
É grave? Nunca ouvi essa doença, tô nervoso, desembucha duma vez...
- Achei, Carretta véio, que até
poderia ser uma daquelas infecções generalizadas, vindas da gripe aviária ou
coisa parecida...afinal de contas, não sou médico.
- Vou enfartar, muié, o que é
isso, Síndrome da Galina Cega??
- Já tava achando que a coisa era
muito feia, como tantas outras que andam por aí...
- Bueno, Carretta véio, entenda o
final da história como tu quiser, porque ficou feio foi prá mim.
- Pilhério, o médico disse que eu
estou muito bem de saúde, todavia algo está faltando...e é o que está
ocasionando uma lacuna na minha vida e que pode atrapalhar meu lado emocional,
muiiitttoooo...
- Tá, muié, mas o que é isso?
- Pilhério, meu amado marido, a
Síndrome da Galinha Cega apareceu em mim porque faz muito tempo que eu não vejo
“pinto”.
- Entendeu, Pilhério, ou quer que
eu desenhe?
-:-
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Um comentário:
Senciacional meu irmão, pobre Pilhério. Tu és um grande escritor. Beijo meu ídolo.
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