NOSSOS DIAS CONTADOS
Krretta
Nossos
dias contados do ano estão chegando mais uma vez ao fim.
Lá
vem a mesma história (isso já está ficando muito chato!), de que é hora de
fazermos um balanço, de rever conceitos, fazer planos, estipular premissas...
O
que tem de certo mesmo é que os dias já estão contados...
E,
que todos os finais de ano são sempre a mesma coisa.
Pois,
se eu fizer um cálculo do que já passei e daquilo que ainda tenho para passar,
posso dizer tranquilamente que já venci dois terços daquilo que eu vim fazer
aqui.
E
isto me dá o direito de assim pensar, ou seja, de que os dias que antecedem as
festas de final de ano (e até mesmo elas), já não possuem mais o encantamento
de alguns bons anos atrás.
Querem
mesmo saber, tudo não passa de uma repetição da mesma coisa do ano passado, dos
outros anos, do século passado.
Tenho
pensado como sempre pensei, depois que vivi estes dois terços de vida, e a
conclusão é que as pessoas outras sempre estão em primeiro plano, principalmente
nessa época.
Tenho
ajudado com sempre ajudei...
Os
anos já passados estão entendidos nos Ensinamentos, que é a explicação de tudo:
“Ainda que eu falasse todas as línguas dos
homens, e mesmo a dos anjos, mas não tivesse caridade, não seria mais que um
bronze que soa e um címbalo que retine.
E se eu tivesse o dom de profecia, e
penetrasse todos os mistérios, e tivesse uma ciência perfeita de todas as
coisas; ainda que tivesse toda a fé possível, a ponto de transportar montanhas,
se não tivesse caridade, eu nada seria”. (São Paulo, I Epístola aos Coríntios,
cap.XIII, v.1 a 7 e 13).
Claro
e sucinto: “Fora da caridade não há salvação”.
Pois
então, fazendo esta reflexão, descubro que não estou sendo condescendente
comigo mesmo.
Uno
os dois pontos e, num primeiro momento poderá parecer um tanto quanto egoísta,
mas a verdade é que tenho pensado muito pouco em mim, e esta é a minha reflexão
quando os dias do ano estão contados.
Nos
meus perrengues, que sempre me dizem para esquecer e tocar a bola prá
frente...então eu os esqueço.
Nas
batalhas que ainda tenho que enfrentar, mas que me dizem para não pensar e
viver um dia de cada vez...então eu não penso.
Nos
dias que ainda tenho pela frente, que me dizem que a vida é bela para ser
vivida...então eu vivo...
Vivo?
Que
grande tredice, falsidade e fingimento comigo mesmo.
Talvez
esteja faltando eu fazer caridade para mim mesmo, e colocar uma boa dose de alento
no último terço da vida que ainda tenho pela frente.
Sei
lá eu de onde vou tirar esse tal de otimismo...
Problemas,
batalhas, os dias que passam, as preocupações, acho que chega, é hora da
caridade de mim para mim mesmo.
E
não tem essa de esquecer, pois quem vai enfrentar sou eu mesmo, e não tem essa
de não pensar, porque a coisa mais difícil do mundo é esquecer aquilo que tens
que enfrentar, e não tem nada dessa coisa de dizer que a vida é bela, porque
não tem nada de bela...
Tem
momentos de ternura sim, tem momentos de beleza e de alegrias, mas são
momentos, pois o cotidiano está repleto de histórias de grandes batalhas, de
muitos enfrentamentos, de lutas inglórias e sofrimentos.
O
mesmo Evangelho que fala em caridade, também fala das aflições: “A felicidade não é
deste mundo”. Eclesiastes
Portanto, na busca do
último terço da vida a que me cabe, vou deixar de ser hipócrita e dizer que vai
tudo bem, porque não é bem assim, porque preciso ser mais complacente comigo
mesmo, pensar mais em mim, ser mais sincero com meus percalços e batalhas e,
tentar adocicá-las...
O
próximo será o próximo e somarei mais eu.
-:-
As vezes a gente cansa de ser sempre certinho...
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