Krretta
O cenário é um shopping de uma praia qualquer do nosso litoral norte, é cedo da noite, estamos procurando um lugar na praça de alimentação para degustar alguma iguaria tipo assim, um cachorro-quente, um hambúrguer, um cheeseburguer, ou algum Mac qualquer, porque estamos num shopping e, na praça de alimentação, e é na praia, ali não tem outra coisa, tipo assim...
Shopping com Wi-Fi, saca? Wireless…Personal Area Network…
Achamos uma mesa daquelas esquisitas em que tudo é junto, mesa, cadeira, braços, pés, assentos, entende? Sentamos.
Balança um, balança todo mundo.
Enquanto escolhemos as iguarias e os acompanhamentos, uma Coca-Cola ou uma Coca-Cola,
noto dois adolescentes em frente a nós, também aguardando seus quitutes, o que já deveriam ter solicitado, pois jazia em cima da mesa dois tíquetes numerados, abandonados e, quando era possível, olhavam rapidamente para o numerador da loja de iguarias.
Estavam, ambos, fascinados pelos celulares que carregavam, ou melhor, que manuseavam com rara habilidade em suas mãos, parecendo que o mundo em volta nada existia, tamanha concentração.
BlackBerry, Iphone, Motokey Dual Chip, Samsung Galaxy II, Nokia Asha 200, Motorola Ex1132, LGC 300, alguns deles deveriam estar por ali, sem sombra de dúvidas.
Imaginei que deveriam ter chegado há poucos instantes, muito embora já tivessem escolhido seus lanches, o que para esta idade é quase sempre a mesma coisa, Big Mac, pois, caso contrário, estariam num intenso bate-papo, o que faziam agora era verificar algum e-mail, algum torpedo, ou, alguma chamada que por ventura tenha lhes passado despercebido, quando da caminhada de casa até ali.
Controle da máquina, sabe como é que é?
Aquela verificadinha básica ao chegar a qualquer lugar público, entende?
Pois segui me divertindo ao observar aqueles dois garotos, e, eles, lógico que nem notaram minha observação, continuaram a manusear seus aparelhos, intensamente.
Passaram-se alguns minutos, oito, dez minutos, e, os amigos ainda não haviam trocado nenhuma palavra.
Será que estavam brigados?
Não, brigados não deveriam estar, caso contrário não estariam numa praça de alimentação de um shopping, em uma mesa comum, balançando juntos, lanchando juntos, Big Mac, não, não poderia ser.
De repente minha curiosidade foi satisfeita, pois meus personagens trocaram uma frase: - Fulano, tô te passando um e-mail tri que recebi agora, checa aí!
- Seguinte, ô teu, tô no Face deixando uma mensagem prá Linda, baita gata!!! Hoje de noite na balada...
Seguinte digo eu, os caras falavam e, ao menos um deles parecia estar ligado em uma garota, o que era bárbaro, ou seja, nem só de blackberry’s eles viviam.
Nem tudo estava perdido, havia ainda uma esperança de que tudo não passava de um ledo engano meu, e, dentre breves instantes, após o fulano checar seus e-mails e, o Beltrano passar a mensagem para a Linda, iria rolar um grande papo.
Nada, absolutamente nada.
Continuaram balançando seus aparelhos entre as mãos firmes, dedos hábeis, entre mensagens, Face, torpedos, e-mails, algum olhar furtivo se o número do Big Mac estava no placar, e, provavelmente chegaram mudos e saíram calados, mas de olho em seus celulares, pois, quem sabe um lia a mensagem do outro enquanto a Linda lhe desse algum retorno para a balada daquela noite.
Mundo mais do que moderno!
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