OS CHARUTOS E OS
RETRATOS
Beto Carretta
Pois
é... não lembro de meu pai, o Chico Carretta, fumar charutos.
Ao
menos na nossa frente ele nunca fumou.
Meu
pai tinha muito cuidado com as coisas que eram prejudiciais as crianças e, como
nós tínhamos nele o maior exemplo, nosso maior ídolo, ele por sua vez, nunca e
em nenhum momento cometeu algum deslize, tendo como sua responsabilidade a nossa
educação e que até a sua prematura morte, carregou esta missão, este compromisso,
sem sombra de dúvidas.
“Viejo...mi
querido viejo ahora ya caminas lerdo, como perdonando el viento... yo soy tu
sangre, mi viejo...”
Mas,
então, como é que existiam caixas de charutos na minha casa?
Sei
lá...
Além
de tudo, seu Chico Carretta era muito meticuloso, organizado, metódico, o que
ressaltava ainda mais sua personalidade, além é claro de sua mansuetude e
carinho para conosco.
Entre
tantas das suas organizações, junto com a minha mãe, Dona Iolanda, existiam lá
dois ou três álbuns de fotografias, sendo que no primeiro álbum estavam as
fotos das suas famílias, dos seus parentes e quando eles ainda eram solteiros.
Num
segundo álbum, aí já era a fase deles casados, suas viagens, seus convescotes,
seus irmãos com eles, seus pais com eles e assim por diante.
E,
existia o terceiro álbum onde desta vez lá estávamos nós, a família toda junta,
nos nossos bercinhos, nas praças da cidade de Bagé, no colo deles, na casa dos
avós maternos, já que os avós paternos moravam em Porto Alegre...
É
bom lembrar que naquela época as fotografias, que se denominava “retratos”,
eram um pouco raros, visto que uma máquina de fotografia era um objeto muito
desejado, porém, difícil de se ter.
Além
de complicado de se adquirir o filme, de se colocar o filme na máquina e não
“queimá-lo”, e mais ainda, a revelação, que demorava “uma data”.
Bah!
São tantas as recordações...falta espaço...
Então,
além destes três álbuns, outras tantas fotografias existiam...eles com seus
amigos, com os cunhados, nós com eles e com os tios, com os primos, com nossos
amigos...eram muitas as fotografias.
Tinha
aquela que eu, tu e todos nós provavelmente ainda temos...vai lá nas suas
fotografias guardadas e vê se você não tem aquela: “Recordação Escolar”
...tenho certeza que sim.
- Tá, mas o que tem que ver as
fotografias e as caixas de charutos?
Sim,
os retratos lá em casa que não estavam devidamente guardados, catalogados,
colados com “cantoneiras” nos álbuns, estavam devidamente guardados nas caixas
de Charutos Suerdieck.
Já
ouviram ou viram falar em Charutos Suerdieck?
Era
mais um dos métodos do seu Chico Carretta de guardar aquelas recordações, muito
organizado que era e, não preciso dizer que a conservação dos “retratos” era
excelente, além de muito fácil o seu manuseio.
De
onde saía as caixas de Charutos Suerdieck eu não sei, pois nunca vi o seu Chico
Carretta fumá-los, todavia a sua organização metódica e, diga-se de passagem,
criativa com as caixas, ainda existem lá em Bagé na casa onde hoje minha irmã,
Maria Cecília, mora.
Aliás,
não se precisa dizer que nas caixas de Charutos Suerdieck estão guardadas as
mais lindas recordações das nossas vidas.
Sim,
elas ainda existem...e nas caixa de Charutos Suerdieck.
Saudosas
recordações...
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