ASSADO SEM BRASA
Krretta
Sempre digo que o Canto do Abranjo
possui histórias fantásticas e dignas de constarem nos meus livros, ainda não
publicados.
Um dia ainda vou publicá-los...quando
sobrar níquel...difícil, mas não impossível.
Lá, temos a felicidade de ter passado
para a nossa geração mais nova, todo o amor que sempre dedicamos para aquele
lugar, a amizade sincera que formamos, e mais ainda, os valores que sempre
nortearam nossas vidas.
E, eles, sabiamente, aprenderem a lição
e carregam consigo tais ensinamentos, o que muito nos orgulha.
Seguindo a tradição, continuamente eles
se juntam no Chalé do Chiquinho, como ficou conhecido aquele canto, para
confraternizarem, uma vez que nem todos são moradores de Encruzilhada do Sul...
É a amizade que fala mais alto e o
desejo de se reencontrarem para uma boa conversa, uma cervejinha amiga, porque
ninguém é de ferro e, logicamente que um assado gaúcho.
Assado gaúcho...
As histórias são muitas e, que merecem
registro, no entanto, a meu ver a que passo a lhes contar abaixo, é “sui
generis”.
Nunca vi nada parecido.
E, se esta história for contada longe
dos pagos, com toda a certeza ninguém vai acreditar, pior ainda, vão taxar o
narrador de “baita mentiroso”.
Vou vender o peixe pelo que comprei...
“Pois
então foi marcado um encontro no Canto do Abranjo, lá no Chalé do Chiquinho.
A
gurizada toda, mais faceira que pinto em quirela, passou aquela semana toda
combinando o tal de acampamento.
Quem
leva a carne, quem compra a cerveja, não pode esquecer o carvão, caixas com
gelo, um mísero sache de pó de café e um vidrinho de açúcar, pão e uma linguiça
para o aperitivo.
Eis que
aí está o básico, pois poderão surgir outras guloseimas no decorrer do
encontro, sabe-se lá...
Quem já
está aqui em Encruzilhada do Sul chegam primeiro, e aguardam os outros que
moram fora do município, a grande maioria na Capital do Estado.
Tá
valendo.
Dia do
encontro.
Lá
foram eles para a grande festa.
À
noitinha começaram a chegar os forasteiros, conversa prá cá, conversa prá lá,
conta um causo aqui, outro caso por lá, e a festa foi se formando.
Lá
pelas tantas, alguém deu no grito: - E o churrasco? Tamo com fome!
- Vamos
fazer o seguinte: enquanto nós jogamos um escovão, o G.V assa a carne prá nós,
fechado?
- Deixa
comigo! - gritou de lá o G.V, depois de umas quantas cervejinhas já tomadas.
E assim
foi feito, e assim a coisa continuou, uns jogando escovão, outros tomando uma
cervejinha e o G.V, depois que espetou a carne, colocou o carvão na churrasqueira,
estava assando a carne.
Mas o
tempo foi passando e, a fome foi batendo também na turma.
Imaginem
aqueles que saíram do trabalho, viajaram prá Encruzilhada, sem nem um
lanchinho, varados de fome...
Com
certeza estavam sonhando com um pedaço de carne suculento, uma gordurinha
douradinha, aquele sal no ponto...
Já lá
pelas cansadas, talvez mais de hora e meia, alguém gritou:
- Ô
G.V, não tem um aperitivo aí prá ir enganando a fome?
- Tamo
varado...!
- Vai
lá fulano, corta um aperitivo prá nós.
E o
Fulano foi, e o Fulano olhou na churrasqueira, e o Fulano se apavorou...,
xingou, esbravejou, gritou, esperneou...
A carne
era a coisa mais linda, no preceito, bem espetada, bem salgada, e o carvão
estava misturado com lenha para dar aquele gostinho diferente, no entanto, o
G.V, depois de todo aquele tempo e meio “confuso das vedinhas”, ainda estava
com a carne totalmente crua: “não tinha acendido o carvão”!
Sim, é
isso mesmo, o G.V estava assando a carne sem fogo, há mais de hora e meia...”
Durma-se
com um barulho desses...
Nenhum comentário:
Postar um comentário