ÁGUA FRIA...
Krretta
Refleti
muito sobre esse tema que passo a abordar logo em seguida, porque ele é muito
polêmico e, de uma certa maneira joga muita água fria nas comemorações da nossa
Semana Farroupilha.
Sem
tomar partido nenhum, o meu dever aqui é levantar a questão e deixar para o
leitor e a leitora as suas avaliações.
“Um bom jornalista, antes de mais nada, procura informar
ao invés de tentar convencer”.
A bem da verdade, muitas
pessoas levantaram as suas vozes, este ano muito mais do que os anos passados, contra
os festejos da Guerra dos Farrapos.
Alegam
veementemente que não temos nada a comemorar, ao contrário, temos muito a
lamentar, principalmente por causa do desditoso fato do Massacre de Porongos.
Um
breve relato:
“Os
dias 13 e 14 de novembro marcam o dia de homenagem aos Lanceiros Negros,
valente tropa farroupilha formada por escravos, dizimada pelo exército do
imperador Pedro II no chamado Massacre de Porongos. A chacina foi
resultado de um traiçoeiro acordo entre um chefe dos farrapos e o comandante do
exército imperial, Barão (futuro Duque) de Caxias.
Passados 160 anos da traição do general David Canabarro (um dos líderes farrapos) e do comandante Duque de Caxias, que vitimou entre 600 a 700 negros farroupilhas, a história muda o curso e traz à tona a relevância dos Lanceiros Negros”.
Passados 160 anos da traição do general David Canabarro (um dos líderes farrapos) e do comandante Duque de Caxias, que vitimou entre 600 a 700 negros farroupilhas, a história muda o curso e traz à tona a relevância dos Lanceiros Negros”.
Eis aí o que
muitos historiadores dizem ser a verdade, enquanto a narrativa oficial de
tantos outros dá conta de que, 1 ano antes do fim da guerra e com as negociações
da paz já em andamento, em torno de 1200 republicanos liderados por David
Canabarro, foram cercados pelas tropas imperiais e completamente dizimados,
numa estratégia militar muito bem construída e, a partir daí foi possível
arrefecer o movimento revolucionário anti-imperial.
Fragmentos da história neste
relevante fato da Revolução Farroupilha, traz em suas páginas vozes que contam
que na madrugada antes desta batalha, os Lanceiros Negros foram convidados a
deporem às suas armas pelo fim do conflito, que já estava sendo elaborado.
Sendo assim, e com os guerreiros
desarmados e desprotegidos, Francisco Pedro Buarque de Abreu, o Moringue,
militar a serviço do Império na Guerra dos Farrapos, tomou de assalto o
acampamento de David Canabarro e dos Lanceiros Negros, dizimando-os.
Outra contradição: uns dizem que
foram de 600 a 700 negros mortos, outros afirmam que foram 100.
O fato relevante é que este massacre
vêm carregado de muitas dúvidas e contradições, entre elas a promessa de que
todos os escravos negros que lutassem na Revolução Farroupilha, teriam
supostamente a sua liberdade assinada ao fim da guerra e, aqui está o ponto
nevrálgico do massacre, pois que, se os negros não fossem libertados, seriam
uma chama sempre acessa de uma outra grande revolução pelos próprios escravos
em busca das suas liberdades, o que as classes dominantes jamais gostariam que
acontecesse.
Então, segundo dizem, veio a ordem
do genocídio.
Logo em seguida, no dia 25 de
fevereiro de 1845, nos campos de Ponche Verde, foi assinado o tratado de paz.
Sabe-se que a guerra por si só é
sórdida e desmedida, sem nenhuma razão de ser, no entanto, se torna impossível
reverter os fatos que a própria história já escreveu.
“Ninguém pode voltar atrás e fazer um novo começo.
Mas qualquer um pode recomeçar e fazer um novo fim.” Chico Xavier
O Massacre de Porongos foi sim um
fato obscuro e inadmissível, e faz parte da Revolução Farroupilha, assim como
tantos outros episódios relevantes e magníficos, até mesmo representado pela
coragem e intrepidez dos lanceiros Negros, fato esse ressaltado por Giuseppe
Garibaldi.
É muito difícil dimensionar até onde
pode ir o contraditório das comemorações, visto que o orgulho da raça gaúcha
jamais vai arrefecer o seu amor pelo Rio Grande do Sul e pelos feitos de seus
antepassados.
Vale a discussão?
Você decide.
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