quinta-feira, 26 de setembro de 2019


ÁGUA FRIA...

                                                                                                                                                                                                              Krretta

            Refleti muito sobre esse tema que passo a abordar logo em seguida, porque ele é muito polêmico e, de uma certa maneira joga muita água fria nas comemorações da nossa Semana Farroupilha.
            Sem tomar partido nenhum, o meu dever aqui é levantar a questão e deixar para o leitor e a leitora as suas avaliações.
            Um bom jornalista, antes de mais nada, procura informar ao invés de tentar convencer”.
A bem da verdade, muitas pessoas levantaram as suas vozes, este ano muito mais do que os anos passados, contra os festejos da Guerra dos Farrapos.
            Alegam veementemente que não temos nada a comemorar, ao contrário, temos muito a lamentar, principalmente por causa do desditoso fato do Massacre de Porongos.
            Um breve relato:
Os dias 13 e 14 de novembro marcam o dia de homenagem aos Lanceiros Negros, valente tropa farroupilha formada por escravos, dizimada pelo exército do imperador Pedro II no chamado Massacre de Porongos. A chacina foi resultado de um traiçoeiro acordo entre um chefe dos farrapos e o comandante do exército imperial, Barão (futuro Duque) de Caxias.
Passados 160 anos da traição do general David Canabarro (um dos líderes farrapos) e do comandante Duque de Caxias, que vitimou entre 600 a 700 negros farroupilhas, a história muda o curso e traz à tona a relevância dos Lanceiros Negros”.
         Eis aí o que muitos historiadores dizem ser a verdade, enquanto a narrativa oficial de tantos outros dá conta de que, 1 ano antes do fim da guerra e com as negociações da paz já em andamento, em torno de 1200 republicanos liderados por David Canabarro, foram cercados pelas tropas imperiais e completamente dizimados, numa estratégia militar muito bem construída e, a partir daí foi possível arrefecer o movimento revolucionário anti-imperial.
            Fragmentos da história neste relevante fato da Revolução Farroupilha, traz em suas páginas vozes que contam que na madrugada antes desta batalha, os Lanceiros Negros foram convidados a deporem às suas armas pelo fim do conflito, que já estava sendo elaborado.
            Sendo assim, e com os guerreiros desarmados e desprotegidos, Francisco Pedro Buarque de Abreu, o Moringue, militar a serviço do Império na Guerra dos Farrapos, tomou de assalto o acampamento de David Canabarro e dos Lanceiros Negros, dizimando-os.
            Outra contradição: uns dizem que foram de 600 a 700 negros mortos, outros afirmam que foram 100.
            O fato relevante é que este massacre vêm carregado de muitas dúvidas e contradições, entre elas a promessa de que todos os escravos negros que lutassem na Revolução Farroupilha, teriam supostamente a sua liberdade assinada ao fim da guerra e, aqui está o ponto nevrálgico do massacre, pois que, se os negros não fossem libertados, seriam uma chama sempre acessa de uma outra grande revolução pelos próprios escravos em busca das suas liberdades, o que as classes dominantes jamais gostariam que acontecesse.
            Então, segundo dizem, veio a ordem do genocídio.
            Logo em seguida, no dia 25 de fevereiro de 1845, nos campos de Ponche Verde, foi assinado o tratado de paz.
            Sabe-se que a guerra por si só é sórdida e desmedida, sem nenhuma razão de ser, no entanto, se torna impossível reverter os fatos que a própria história já escreveu.
            O Massacre de Porongos foi sim um fato obscuro e inadmissível, e faz parte da Revolução Farroupilha, assim como tantos outros episódios relevantes e magníficos, até mesmo representado pela coragem e intrepidez dos lanceiros Negros, fato esse ressaltado por Giuseppe Garibaldi.
            É muito difícil dimensionar até onde pode ir o contraditório das comemorações, visto que o orgulho da raça gaúcha jamais vai arrefecer o seu amor pelo Rio Grande do Sul e pelos feitos de seus antepassados.
            Vale a discussão?
            Você decide.
           
           

Nenhum comentário: