quarta-feira, 12 de dezembro de 2018


DO TEMPO “DAS ANTIGAS”

                                                                                                      Krretta


Com apenas seis anos de idade, naquela noite de 31 de março de 1964, estava visitando minha vó materna, quando inesperadamente meu pai nos disse que deveríamos ir para casa.
         Lembro-me muito bem, na Avenida Salgado Filho, em Bagé, militares e os seus blindados em grande agitação, movimentando-se por aquela artéria.
         De lá para cá, até o ano de 1985, vivemos um período dito nacionalista, desenvolvimentistas e de oposição ao comunismo.
         Luis Mir (pesquisador médico, historiador e escritor brasileiro) em seu livro, “A Revolução Impossível”, da Editora Best Seller, mostra que Cuba já financiava e treinava guerrilheiros brasileiros desde 1961, durante o governo de Jânio Quadros.
         Muitos irão contestar, outros tantos dirão que tudo isso foi uma contrarrevolução, contudo, a bem da verdade a história registrou e, portanto, aconteceu.
         Seguindo o curso dos fatos, o Brasil continuou a viver e a pulsar como nação, passando por diversos momentos políticos até os nossos dias.
         Foram 21 anos até a Nova República, com José Sarney.
         Fui estudante como todos os jovens da minha idade, e, exatamente em momentos conturbados da política nacional (1974-1976), fui líder estudantil, presidente do Grêmio Estudantil do Colégio Nossa Senhora Auxiliadora, ligado a União Bageense de Estudantes Secundários (UBES) e UNE (União Nacional dos Estudantes).
         Para meu espanto e de muitos outros “da antiga”, vê-se por aí, aos jorros e lufadas, uma juventude que nem sabe o que diz e o que faz.
         Chamam-os de “socialistas de boutique”.
         Notem que a grande maioria deles foram ou estão sendo educados em colégios particulares, e, por isso, não utilizam coletivos para irem para escola, pois carros último tipo com bancos confortáveis e muito espaço, os conduzem até o seu destino, e, quando não é o pai ou mãe, são os motoristas.
         No deslocamento, estão “muito ligados” em seus Iphones, quando não no whatsApp, provavelmente combinando com a turma a próxima viagem para a Disney, quem sabe compras em Miami, ou uma balada na Europa.
         Côte D’Azur?
         Sim, com apenas 18 anos já possuem em seus currículos, “viagens inesquecíveis” pelo mundo afora.
         Nunca souberam ou ouviram falar de um transporte coletivo, lotado, apertado, suado e sujeito há muitas intempéries, principalmente pela violência instaurada no país nas últimas décadas, fruto de um governo que só se interessou em nadar no mar da corrupção e enriquecimento ilícito.
         Fome? O que é isso?
         Estão mais interessados em salões de beleza e cortes de cabelo que custam verdadeiras fortunas, pois no próximo evento “precisam arrasar”, não sem antes, visitar a boutique daquele shopping, que ontem chegou novidades do estrangeiro.
         Cartão de crédito é que não falta. Papai ou mamãe pagam tudo, aliás sempre pagaram...
         E é verdade, vivem na casa de seus pais, sempre protegidos por tudo e por todos, fortalecidos pelos direitos que sempre reivindicaram, doa em quem doer... mas desfraldam, sem fastio nenhum, a bandeira do marxismo.
         Que comunismo seria esse?
         Tenho certeza absoluta que a vida que ostentam, com festas, viagens, roupas de marca, comida e bebida à vontade... não procede do socialismo que pregam da porta de casa para fora.
         Socialistas de boutique, dos iphones mais caros e viagens para Disney...
         Não, determinadamente não, pois esta causa não lhes pertence.
         A realidade é bem outra...
         Sequer conhecem a história para ter opinião de como foi e de como será, pois estão mais interessados no carro que vão ganhar no fim o ano, ou, quando depois do colégio particular, cursinho Fleming e aprovação no vestibular, chegar à recompensa pelos mantenedores dos seus lares abastados.
         Defendem uma causa que não conhecem e, desfraldam uma bandeira que lhes foi posta na mão por pessoas de índoles duvidosas e com outros interesses que não os republicanos.
         Desditosos e estultos inocentes.
         Vocês não são “das antigas”!
        
        

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