terça-feira, 11 de dezembro de 2018


OS CHURRASCHATOS

                                                                                                    Krretta

Já tem um tempo escrevi que os tomadores de vinho (que se acham entendidos), davam margem para se afirmar que surgia uma nova classe de enólogos/sommeliers: “os enochatos”.
- O vinho tem que ser tomado à temperatura ambiente!
- O vinho tem que ser aberto um pouco antes de degustar, porque a bebida tem que respirar!
- O vinho isso, o vinho aquilo, e aquele outro... eu sei, é assim, é assado...
         Não!
         O vinho se toma conforme a vontade do freguês, e estamos conversados.
         Se quiser tomar gelado, com “floquinhos”, se quiser abrir e já degustar, se quiser fazer sagu, problema e vontade de quem vai tomar.
         Tem um amigo meu que toma uma garrafa de vinho em doze minutos, e daí?
         Outro prefere tomar vinho estupidamente gelado, “com floquinhos” como ele diz, e fica bem feliz.
         Não existe uma regra ou um compêndio para se tomar vinho, pois cada um tem as suas preferências.
         Quem complica a situação são os “enochatos”, que se dizem entendidos, ou pensam que são, mas na verdade são enfadonhos e maçantes.
         Querem mostrar conhecimento na arte da degustação de um vinho, contudo, demonstram chatice na arte de tentar convencer aqueles que pensam serem incautos.
         Vamos combinar...
         E, nestas minhas leituras de jornais, artigos e publicações nas redes sociais, notei que um dos assuntos mais visados ultimamente tem sido a arte de assar um churrasco.
         Cursos são oferecidos, livros foram publicados, degustações em eventos “chiques”, nas fazendas e estâncias por este sul de América Latina estão em evidência...
         Recentemente, li que uma expert no assunto estava viajando mundo afora com a missão de ensinar mulheres de diversos países da Europa e Ásia, a arte de assar uma carne.
         Claro que com isso o mercado dos cortes especiais para churrasco estão proliferando mais que formiga no mel, prá não dizer outra coisa...
         Isso é lógico que é muito bom, principalmente porque os produtores cada vez mais estão empenhados em produzirem mercadorias de qualidade, e quem é beneficiado são os consumidores.
         Excelente.
         O churrasco do domingo cada vez mais está valorizado, justamente pela qualidade das carnes que estão sendo oferecidas, e pela maestria dos assadores.
         Sim, os assadores que estão em grande ascensão, mas, porém, todavia, contudo, sei lá porque cargas d’água resolveram (alguns quantos – sic) determinar como se assa uma carne.
         Valha-me Deus, já não basta os “enochatos”, agora estão aí no mercado os “churraschatos”...
         A carne para churrasco é a costela... cortada assim...para uns não se salga antes (é contra a tradição), sal fino nem pensar, salmoura é só para a carne de ovelha, espeta, usa grelha, lenha de tal árvore, carvão é proibido, churrasqueira, porque forno elétrico é heresia...
         Mas vão “capinar um pátio”...
         Chegaram os “churraschatos”!!!!
         Quem comprou a carne, quem pagou pela carne, quem vai assar a carne faz do jeito que ele sabe, que ele gosta, conforme ele quer e chega de mais chatice.
         Sabem aquele ditado: quem manda melhor faz...
         Sei lá, acho que está faltando assunto nas rodas de conversas, ou o desejo de discordância entre as pessoas está mais aflorado.
         Estão liberados os assuntos para debate: esporte, política e religião, mas, por favor, vinho e churrasco NÃO!!!
         Quando se trata da arte de assar, não existe certo e errado, pois cada lugar e cada assador tem suas particularidades e suas manias.
         O mais importante de tudo isso  é o resultado, certo?
         Bah! “Churraschatos, então paremo”!
        
          


Nenhum comentário: