OS CHURRASCHATOS
Krretta
Já tem um tempo escrevi que os tomadores de vinho
(que se acham entendidos), davam margem para se afirmar que surgia uma nova
classe de enólogos/sommeliers: “os enochatos”.
- O
vinho tem que ser tomado à temperatura ambiente!
- O
vinho tem que ser aberto um pouco antes de degustar, porque a bebida tem que
respirar!
- O
vinho isso, o vinho aquilo, e aquele outro... eu sei, é assim, é assado...
Não!
O vinho se toma conforme a vontade do
freguês, e estamos conversados.
Se quiser tomar gelado, com
“floquinhos”, se quiser abrir e já degustar, se quiser fazer sagu, problema e
vontade de quem vai tomar.
Tem um amigo meu que toma uma garrafa
de vinho em doze minutos, e daí?
Outro prefere tomar vinho estupidamente
gelado, “com floquinhos” como ele diz, e fica bem feliz.
Não existe uma regra ou um compêndio
para se tomar vinho, pois cada um tem as suas preferências.
Quem complica a situação são os
“enochatos”, que se dizem entendidos, ou pensam que são, mas na verdade são
enfadonhos e maçantes.
Querem mostrar conhecimento na arte da
degustação de um vinho, contudo, demonstram chatice na arte de tentar convencer
aqueles que pensam serem incautos.
Vamos combinar...
E, nestas minhas leituras de jornais,
artigos e publicações nas redes sociais, notei que um dos assuntos mais visados
ultimamente tem sido a arte de assar um churrasco.
Cursos são oferecidos, livros foram
publicados, degustações em eventos “chiques”, nas fazendas e estâncias por este
sul de América Latina estão em evidência...
Recentemente, li que uma expert no
assunto estava viajando mundo afora com a missão de ensinar mulheres de
diversos países da Europa e Ásia, a arte de assar uma carne.
Claro que com isso o mercado dos cortes
especiais para churrasco estão proliferando mais que formiga no mel, prá não
dizer outra coisa...
Isso é lógico que é muito bom,
principalmente porque os produtores cada vez mais estão empenhados em
produzirem mercadorias de qualidade, e quem é beneficiado são os consumidores.
Excelente.
O churrasco do domingo cada vez mais
está valorizado, justamente pela qualidade das carnes que estão sendo
oferecidas, e pela maestria dos assadores.
Sim, os assadores que estão em grande ascensão,
mas, porém, todavia, contudo, sei lá porque cargas d’água resolveram (alguns
quantos – sic) determinar como se assa uma carne.
Valha-me Deus, já não basta os
“enochatos”, agora estão aí no mercado os “churraschatos”...
A carne para churrasco é a costela... cortada
assim...para uns não se salga antes (é contra a tradição), sal fino nem pensar,
salmoura é só para a carne de ovelha, espeta, usa grelha, lenha de tal árvore,
carvão é proibido, churrasqueira, porque forno elétrico é heresia...
Mas vão “capinar um pátio”...
Chegaram os “churraschatos”!!!!
Quem comprou a carne, quem pagou pela
carne, quem vai assar a carne faz do jeito que ele sabe, que ele gosta,
conforme ele quer e chega de mais chatice.
Sabem aquele ditado: quem manda melhor
faz...
Sei lá, acho que está faltando assunto
nas rodas de conversas, ou o desejo de discordância entre as pessoas está mais
aflorado.
Estão liberados os assuntos para
debate: esporte, política e religião, mas, por favor, vinho e churrasco NÃO!!!
Quando se trata da arte de assar, não
existe certo e errado, pois cada lugar e cada assador tem suas particularidades
e suas manias.
O mais importante de tudo isso é o resultado, certo?
Bah! “Churraschatos, então paremo”!
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