quarta-feira, 14 de agosto de 2019


TIME PANELINHA

                                                                                                                Krretta

         Custei a descobrir com o que se parecia a caixa onde vêm “acomodados” os celulares.
         Sabia que ela me era familiar e, me dava a sensação de coisa boa, de novidade, de sonho realizado.
         Lá de dois ou três em três anos, como tudo o que é moderno se vence, ou por necessidade ou por modernidade, a gente acaba trocando de celular.
         Não preciso nem comentar, pois todos vocês sabem muito bem o que uma troca de celular acarreta...um monte de chatices...senhas, números...aplicativos...
         Mas, quando a loja entrega aquela caixinha retangular, todas as vezes me remete as lembranças da infância.
         Até então eu não havia conseguido descobrir o motivo.
         Dia desses chegou a resposta: caixinha onde vinham “acomodados”, os times de botão panelinha.
         Nem vou fazer a pergunta: Lembram? – pois todo e qualquer guri que teve a sua infância nas décadas de 60/70, se não antes, sabe e conhece de cor e salteado o que é um time de botão panelinha.
         Engraçado que vinham só os onze jogadores, com o goleiro espetado numa haste de metal e, que passava por debaixo da goleira (geralmente de plástico), onde o contendor manipulava para fazer a defesa do pedido: “a gol!”
         Os jogadores também eram de plástico e tinha uma “cava” em cima onde vinha a foto do jogador daquele time.
         Em sua maioria eram os times de Rio e São Paulo, para variar.
         Lembro que o meu, quando ganhei, era o Santos.
         Todo o time era branco, onde lá estavam, dentre outros, Gilmar, Mauro, Calvet, Pelé, Coutinho e Pepe, pois sinceramente não lembro de toda a escalação.
         Calvet, para regozijo de todos nós, era bajeense.
         Talvez por isso eu deva ter escolhido o Santos, talvez...
         Os “estádios” eram as mesas da sala ou da cozinha, e, quando nos corriam dos nossos “tapetes de madeira”, não restava outra alternativa a não o chão, o que deixava o “gramado” meio irregular.
         Mas, valia a pena se arrastar, literalmente, pelo assoalho da casa para ter algumas horas de felicidade e emoções.
         Os “panelinhas” eram considerados os piores botões de mesa que poderia existir.
         Tipo assim, eram varzeanos.
         Pois existiam os “feitos em casa”, onde não ficava nada que fosse plástico duro, em cima de nada, nas residências.
         Por lá, a moda era pegar uma colherinha de leite Ninho, aquela que vinha dentro da lata e que servia de medida, e, ali, era o molde para os botões feito em casa.
         Juntava-se todo o qualquer plástico e, no fogão a gás, colocava-se a colherinha de Leite Ninho no fogo, onde derretia-se os plásticos, tomando a forma dos botões que se desejasse.
         Bastante plástico, eram os zagueiros, pois ficavam altos.
 Pouco plástico, normalmente os artilheiros, pois eram ágeis e mais baixos, e, quanto mais inclinada fossem as suas bordas, melhor era para encobrir o goleiro.
         Nunca atuavam sem antes serem bem lixados, ou numa pedra áspera, porém parelha, ou com lixa de fogão a lenha, ou lima, ou pedra de afiar, ou...valia tudo.
         Essa era a preparação “física” dos jogadores.
         Legal eram as cores que, pela mistura de vários plásticos, e depois de derretidos, ficavam os botões.
         Aí, já eram considerados amadores.
         E, os profissionais, bom, aí só quem tinha era a gurizada de mais poder aquisitivo, pois demandava algum bom investimento e, uma mesada mais abastada.
         Eram os botões “puxadores”.
         Uma maravilha.
         Outro dia falamos deles.
        

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