GRITO INESPERADO
Krretta
É sempre como dizem, ou seja, se contar
ninguém acredita.
Mas é verdade, ao menos foi o que me
contaram...
Haverá quem duvide, contudo, outros
tantos afirmam que o fato aconteceu mesmo.
Pois não é que tinha aqui na Paróquia de
Encruzilhada do Sul, há algum tempo atrás, um padre que gostava muito de
qualquer comida que fosse oriunda de caça?
Nosso município sempre foi privilegiado
na questão de flora e fauna, e, por isso vale dizer que, sabendo usar não vai
faltar, é o velho e sábio ditado.
Verdade seja dita, em alguns anos houve
um certo abuso na questão da caça e, graças ao apelo a consciência de cada um,
houve um certo arrefecimento no abate de animais silvestres, onde a fauna
respondeu de pronto, dando-nos novamente a certeza da abundância da vida
nativa.
Em tudo o que se faça, se houver
moderação, nunca vamos prejudicar ao meio ambiente, essa é a verdade e a
certeza, e, se observarmos aí as espécies em extinção, poderemos recuperar a
flora e a fauna, tranquilamente.
Basta querer.
Eu sou um adepto incondicional da
preservação da espécie animal, mesmo porque eles (os animais) não conseguem
fazer leis e nem criar decretos para a sua proteção.
Tudo o que for esporte, como lazer e
distração, é compreensível e em nada haverá de prejudicar a natureza.
Mas o padre, que provavelmente também
era adepto à natureza e, não estava incluso nas depredações do meio-ambiente,
também gostava de um prato a base de caça nativa, com moderação.
A paca é um mamífero roedor, de pelagem
castanha e malhas claras, de cauda reduzida, e de comprimento em torno de 70
cm, e é muito comum em quase todo o Brasil e América do Sul, tendo a carne
muito apreciada.
Pois o padre da nossa paróquia se lambia
por uma paca.
Era o seu prato preferido no que se
referia a culinária de caça nativa, ainda mais com um vinho, exemplar da cidade
serrana de Bento Gonçalves-RS, e de garrafão.
Uma verdadeira iguaria.
Pois de uma feita, uma certa comunidade
queria que o padre fosse lá para rezar uma missa, já que aqueles “cordeiros”
estavam há muito tempo desamparados.
O padre, sabendo que a região era de
muitas pacas, condicionou/sugeriu a sua ida, a um almoço com paca e um vinho de
garrafão.
Sem problemas, os líderes da comunidade
fecharam na hora o evento.
Veio o dia, imaginando o manjar dos
deuses o padre se dirigiu para aquela gente e, chegando lá, não viu nenhum
movimento de paca carneada ou qualquer coisa que fosse parecido.
-
Ué, minha gente, e a paquinha, tá em gaiola?
-
Fica tranquilo padre, ela tá cevada e o mundéu tá armado.
-
Depois do confessionário e da missa, a paca vai estar à mesa.
-
Deixa prá nós...
Então, o padre se paramentou todo e foi
praticar o seu ofício.
Colheu os pecados de toda aquela gente,
oficiou a missa, e na hora da comunhão, quando um silencio sepulcral se fazia
sentir e, quando alcançava a hóstia para uma senhora de renome na comunidade,
esposa de um grande líder daquele local, ouve-se um estampido seco: PÁHH!!
Reflexo imediato, com um enorme sorriso
no rosto e num impulso repentino, ainda com o braço esticado para a tal da
senhora e com a hóstia na mão, o padre gritou bem alto:
-
Toma, puta de merda!!
Nenhum comentário:
Postar um comentário