sexta-feira, 8 de junho de 2018




                                                           SINCERAMENTE?

                                                                                                                Krretta

         Eu sou daqueles que apreciam, com entusiasmo, os dias outonais.
      Os que estamos vivendo são verdadeiras obras de Deus, que nos brinda com manhãs e tardes esplendorosas, e nos remete às muitas relembranças.
         Vez ou outra, nestes dias ensolarados de outono, maravilho-me repentinamente a recordar de fatos e pessoas que fizeram parte da minha história.
         Seguidamente me perguntam se eu tenho saudades do Banco do Brasil.
         Sinceramente?
         Sinceramente, não.
         O Banco do Brasil, pela selvageria do mercado, nos últimos dez, quinze anos, fez com que aqueles que construíram a sua história, não lhe tributarem mais nenhum sentimento de gratidão, de saudades, de alegria e reconhecimento por ter participado de seu quadro funcional, mas esta é outra história...
         Tenho saudades, sim, de todos aqueles com quem convivi nos trinta anos de labor profissional, dentro desta Casa.
         Não há como esquecê-los.
         Nossos esforços pelo bem comum, nossas alegrias, angústias, tristezas, realizações, as festas, as perdas, frustrações, nossos sonhos, a família, amigos, clientes, na realidade uma existência inteira, com certeza tenho saudade daquela vida vivida com meus colegas.
         Ah, é claro que tenho saudades!
         Mal sabia eu que, naquela manhã cinzenta, escura e tomada por um nevoeiro frio e trançado, característica marcante da nossa Encruzilhada do Sul, no longínquo 23.05.1977, estaria começando uma vida intensa, repleta de sentimentos múltiplos e, sendo mais um personagem na história do prédio nr. 46, da Praça Ozy Teixeira.
         Como não sentir saudades do Setin/Relic, setor de registro de títulos, de liquidação e cobrança, do saudoso colega Hilário, grande líder espiritual e guru, como ele mesmo se autodenominava, a Marilda, a Béia, e a dupla inseparável Beto Bossa e Juarez, assim como Bigo e Rubnei.
         A plataforma, a bateria dos Caixas que era de onde brotavam as maiores conversas, trotes e pegadinhas, tendo o mestre Escobar na batuta, com seu tradicional e inseparável lanche da tarde... depois o saxofone e o Conjunto Copacabana.
         De contrapeso, nossa portaria, o “Trio Irakitan” composto por Alcides Campos Júnior, Ademar Júlio de Araújo e o Varli Bueno, os não menos famosos Campinhos, Julinho e Foguinho.
         Borjão, responsável pelos lançamentos nas fichas gráficas e suas NCRs, sem falar no seu “bom humor” quando as diferenças apareciam... e o grande lançador Sérgio Carlos, o Jacaré.
         O Setop, os fiscais, Barulhinho, Mário Soares, Zé Eli, Sílvio Carlos, Marcão Kleinowski, Olmes Odriosolla, o destemido Wharton Costa de Aguiar, exímio jogador de sinuca, o comandante do segundo piso e construtor de barcos Elias Gonçalves Ribeiro, o homem das codornas e investigador de cadastro Paulo Gilberto Drews, Glarice, Odoni Miguel, Lorena, Yara, Luci, Fernando nas contratações, Nery Baptista de Assis, e o general de todos, José Ignácio Soares, e mais uma gurizada repleta de sonhos e vontades, recém-chegados, assim como eu, naquele longínquo 1977. . .
         O espaço é muitíssimo pequeno para citar o nome de todos aqueles que fizeram parte desta extraordinária história, perdoem-me. . .
         Éramos felizes e realizados com que a vida nos dava e, nunca, em momento algum o trabalho, por mais árduo que se apresentasse, foi empecilho para qualquer outra coisa que pudéssemos querer.
         Quantas NCRs, CRPHs, EPC, EAC, EPI, EAI, AP, SD foram datilografados ao longo deste saudoso e maravilhoso tempo?
         Quantos menores estagiários e novos funcionários lavaram carbono, buscaram máquinas e réguas de procurar e medir diferenças, envelopes redondos para expedir correspondências circulares?
         Quantos calouros fizeram a assinatura da revista Desed e, outros tantos que levaram o lucro para Porto Alegre, no último dia do ano?
         O Intro, o Coord, o Caiex, Conta I, Passo Fundo, Bento Gonçalves, Porto Alegre, Brasília, quantas festas e diária puderam ser comemoradas?
         A tarde ensaia o seu desmaio, a claridade se rende ao horizonte cinza plúmbeo, é hora de ir...
Se eu tenho saudades do Banco do Brasil?
         Sinceramente?
         Sinceramente, sim, daquele tempo e muito mais daquela gente... dos meus colegas!
                                                                  -:-
        


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