SINCERAMENTE?
Krretta
Eu sou daqueles que apreciam, com
entusiasmo, os dias outonais.
Os que estamos vivendo são verdadeiras
obras de Deus, que nos brinda com manhãs e tardes esplendorosas, e nos remete
às muitas relembranças.
Vez ou outra, nestes dias ensolarados
de outono, maravilho-me repentinamente a recordar de fatos e pessoas que
fizeram parte da minha história.
Seguidamente me perguntam se eu tenho
saudades do Banco do Brasil.
Sinceramente?
Sinceramente, não.
O Banco do Brasil, pela selvageria do
mercado, nos últimos dez, quinze anos, fez com que aqueles que construíram a
sua história, não lhe tributarem mais nenhum sentimento de gratidão, de
saudades, de alegria e reconhecimento por ter participado de seu quadro
funcional, mas esta é outra história...
Tenho saudades, sim, de todos aqueles
com quem convivi nos trinta anos de labor profissional, dentro desta Casa.
Não há como esquecê-los.
Nossos esforços pelo bem comum, nossas
alegrias, angústias, tristezas, realizações, as festas, as perdas, frustrações,
nossos sonhos, a família, amigos, clientes, na realidade uma existência inteira,
com certeza tenho saudade daquela vida vivida com meus colegas.
Ah, é claro que tenho saudades!
Mal sabia eu que, naquela manhã
cinzenta, escura e tomada por um nevoeiro frio e trançado, característica
marcante da nossa Encruzilhada do Sul, no longínquo 23.05.1977, estaria
começando uma vida intensa, repleta de sentimentos múltiplos e, sendo mais um
personagem na história do prédio nr. 46, da Praça Ozy Teixeira.
Como não sentir saudades do
Setin/Relic, setor de registro de títulos, de liquidação e cobrança, do saudoso
colega Hilário, grande líder espiritual e guru, como ele mesmo se autodenominava,
a Marilda, a Béia, e a dupla inseparável Beto Bossa e Juarez, assim como Bigo e
Rubnei.
A plataforma, a bateria dos Caixas que
era de onde brotavam as maiores conversas, trotes e pegadinhas, tendo o mestre
Escobar na batuta, com seu tradicional e inseparável lanche da tarde... depois
o saxofone e o Conjunto Copacabana.
De contrapeso, nossa portaria, o “Trio
Irakitan” composto por Alcides Campos Júnior, Ademar Júlio de Araújo e o Varli
Bueno, os não menos famosos Campinhos, Julinho e Foguinho.
Borjão, responsável pelos lançamentos
nas fichas gráficas e suas NCRs, sem falar no seu “bom humor” quando as
diferenças apareciam... e o grande lançador Sérgio Carlos, o Jacaré.
O Setop, os fiscais, Barulhinho, Mário
Soares, Zé Eli, Sílvio Carlos, Marcão Kleinowski, Olmes Odriosolla, o destemido
Wharton Costa de Aguiar, exímio jogador de sinuca, o comandante do segundo piso
e construtor de barcos Elias Gonçalves Ribeiro, o homem das codornas e
investigador de cadastro Paulo Gilberto Drews, Glarice, Odoni Miguel, Lorena,
Yara, Luci, Fernando nas contratações, Nery Baptista de Assis, e o general de todos,
José Ignácio Soares, e mais uma gurizada repleta de sonhos e vontades,
recém-chegados, assim como eu, naquele longínquo 1977. . .
O espaço é muitíssimo pequeno para
citar o nome de todos aqueles que fizeram parte desta extraordinária história,
perdoem-me. . .
Éramos felizes e realizados com que a
vida nos dava e, nunca, em momento algum o trabalho, por mais árduo que se
apresentasse, foi empecilho para qualquer outra coisa que pudéssemos querer.
Quantas NCRs, CRPHs, EPC, EAC, EPI,
EAI, AP, SD foram datilografados ao longo deste saudoso e maravilhoso tempo?
Quantos menores estagiários e novos
funcionários lavaram carbono, buscaram máquinas e réguas de procurar e medir
diferenças, envelopes redondos para expedir correspondências circulares?
Quantos calouros fizeram a assinatura
da revista Desed e, outros tantos que levaram o lucro para Porto Alegre, no
último dia do ano?
O Intro, o Coord, o Caiex, Conta I,
Passo Fundo, Bento Gonçalves, Porto Alegre, Brasília, quantas festas e diária
puderam ser comemoradas?
A tarde ensaia o seu desmaio, a
claridade se rende ao horizonte cinza plúmbeo, é hora de ir...
Se eu
tenho saudades do Banco do Brasil?
Sinceramente?
Sinceramente, sim, daquele tempo e
muito mais daquela gente... dos meus colegas!
-:-
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