quinta-feira, 13 de fevereiro de 2020


TRISTEZA NA AREIA

                                                                                                                                                                                 Krretta

Gosto de observar a vida.
Principalmente quando estou em um lugar em que ninguém me conhece, pela paz e sossego da minha predileção.
Se vou num shopping, por exemplo, enquanto a Lena visita às lojas, dou preferência para sentar num banco e observar as pessoas que transitam por todos os lados.
Dia desse já contei uma história a respeito deste assunto, por aqui.
Deste observatório temos a sensação nítida de que realmente as pessoas são totalmente diferentes umas das outras.
Na maneira de vestir, no jeito de caminhar, no semblante, na maneira de reagir, de ser e de sentir...
Então, a primeira questão que se coloca é: como pode?
E a resposta é clara e evidente: Deus!
Não poderia ser diferente e, somente Ele para patrocinar tamanha complexidade, aliás, de um mundo por um todo, ou seja, os reinos animal, vegetal e mineral, e temos por partida um universo por inteiro.
Inacreditável?
Não, longe disso, ao menos para quem tem Fé e acredita na Supremacia Divina.
Então, formamos aí o conceito pleno e seguro de que a Perfeição é sim uma realidade.
Agora, é bem verdade que em algumas ocasiões nos ressentimos da questão Justiça, mas, se formos seguir a Doutrina, temos por lá a máxima de que, para evoluirmos, certas oportunidades precisam acontecer.
Pode ser uma cena banal, embora triste, mas isso faz com que tal acontecimento venha em favor daquela pessoa.
Agora, quando a gente vê isso acontecer com uma criança ou um idoso, é de cortar a alma, e foi isso que aconteceu em um belo dia, nas areias da praia onde eu estava a observar as pessoas.
Sentado embaixo de um guarda-sol, totalmente ignorado, pus-me a exercitar minha carreira de observador da vida.
Lá pelas tantas, em minha frente, num espaço exíguo, chegou uma senhora jovem, com sua amiga e, aparentemente, seus dois filhos, aliás um menino de talvez 5ou 6 anos e uma linda menininha de aproximadamente 8 anos.
Estenderam duas “cangas” na areia e, sentaram-se (não carregava nem guarda-sol e nem cadeiras) na areia úmida da praia.
As crianças, entusiasmadas provavelmente pela ocasião, eufóricas pediam para a sua mãe os poucos brinquedos que levaram para a praia, senão um balde, uma pazinha, um raspador e um carrinho de plástico.
Por ali ficaram, as crianças brincando e a mãe e a amiga conversando, volta ou outra brincavam um pouco com os pequenos.
Passado algum tempo, a mãe tirou de dentro de uma sacola dois pães enrolados num papel pardo e, chamou as crianças para lanchar.
Não sem antes destampar um refrigerante e dois copos de plástico, que ofereceu também para os seus filhos.
As crianças fizeram uma festa com o lanche e, logo em seguida continuaram a brincar na areia.
Continuei a olhar as pessoas, os barcos, um guarda-sol que volta e meia voava pelo forte vento, os vendedores, seus carrinhos que enfeitados chamavam a atenção dos banhistas...
Pois foi quando um deles, logo o vendedor de picolé, parou bem ao lado daquelas crianças atendendo a um chamado, e logo outras crianças apareceram ao lado daquele carrinho.
Todas saíam com um picolé na mão, rindo e saltitantes de felicidade pela guloseima adquirida.
Foi quando eu olhei para o menininho e a sua irmãzinha e percebi que, com as cabecinhas voltadas para cima, mirando o vendedor de picolé, tinham em seus olhos a imensa tristeza de também querer, e não poder comprar...
Minha reação imediata foi interferir, comprar dois, três, quatro picolés para aquelas crianças, mas me contive por não querer ofender aquela mãe...sei lá o que ela poderia pensar...fui um covarde talvez...
Aquela cena triste me fez ir embora repentinamente, com muitas lágrimas no rosto e uma dor imensa no coração.
Vai ser difícil esquecer aqueles olhinhos...tomara Deus...




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