POBREZA DE ESPÍRITO
Krretta
Acho que não.
Não é por aí.
Potencialmente e, no calor dos debates,
falam até em xenofobia.
Não acredito.
O brasileiro é essencialmente puro de
alma, mais ainda solidário.
Não tem esse rancor no seu coração.
Estão tratando um fato isolado como se
estivesse acontecendo em todos os estados deste país, o que não é verdade.
Estamos conversando do suposto
preconceito contra os imigrantes venezuelanos.
Falar de sentimentos é muito
complicado.
Saber o que a alma e o coração sentem é
muito intrínseco, é quase que a mesma coisa que decifrar o DNA das emoções de
um indivíduo.
Estou tentando ver essa “rebeldia” que
tanto a imprensa nacional vem destacando, como uma reação normal de quem vive
num país onde as oportunidades de trabalho e o índice de pobreza batem
recordes.
Negativo, é claro.
Seria mais como um sentimento de
“preservação da espécie”.
Num primeiro momento, a sensação dos
brasileiros, nem todos é bem verdade, é de que estas pessoas que estão passando
fome, que não possuem mais um emprego, uma casa, um lar, estariam ocupando
espaços que poderiam ser seus.
Não, isso não é assim.
É preciso que se esclareça como tudo
isso funciona.
Pela ordem legal, o Brasil precisa
cumprir o tratado que aderiu junto a Organização das Nações Unidas (ONU),
Convenção de Genebra em 1951 e o Pacto Internacional dos Direitos Econômicos,
Sociais e Culturais, de 1961.
Num segundo momento está a ONU que paga
a hospedagem dos venezuelanos e, o governo federal oferece mensalmente 400
reais por pessoa que o município aceite receber.
Os governos são constituídos para isso,
também.
Portanto,
não cometa tamanha desfaçatez: “então abriga ele na tua casa”.
Num terceiro plano e, nem por isso de
menor importância, está o ato humanitário para com um povo sofrido, esmagado
por um governo despótico, tirânico, que transformou um país em fome, desemprego
e populosas rotas de fuga.
Lembrem-se ainda: não somos nós,
Brasil, o país preferido para o abrigo de tão sofrida gente.
Colômbia vem em primeiro lugar com 500
mil venezuelanos que lá buscaram refúgio.
E, em se tratando do povo gaúcho, “no
lo creo” em sentimentos contrários ao que estamos acostumados a ofertar.
Nosso Estado desenvolveu-se e prosperou
com o trabalho dos imigrantes, portanto, é inaceitável qualquer manifestação
que não seja de solidariedade e carinho com gente tão sofrida.
Como está dito em muitos lugares, não
serão 200 ou 300 imigrantes que farão a diferença em municípios de 85/100 mil
habitantes.
Sim, com toda a certeza os municípios
vivem às turras com problemas de desemprego, de saúde, de segurança, com a
educação precária e infraestrutura paupérrima, mas aqui trata-se de seres
humanos, trata-se de amparo, de ajuda e de apoio para nossos semelhantes.
Essa é a situação que ora se apresenta.
Com toda a certeza os gaúchos saberão
entender esse momento.
Não quero que meu Estado venha a ser
maculado com um sentimento tão mesquinho que está inserido na pobreza de
espírito.
Logo aí, em seguida, estaremos
comemorando a Semana Farroupilha, pois então façamos deste nosso orgulho, uma
manifestação de solidariedade ao povo venezuelano.
Está lá, desfraldada em nossa bandeira:
Liberdade, Igualdade, Humanidade.
Acredito no meu povo.
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