quinta-feira, 30 de agosto de 2018


POBREZA DE ESPÍRITO

                                                                                                     Krretta

         Acho que não.
         Não é por aí.
         Potencialmente e, no calor dos debates, falam até em xenofobia.
         Não acredito.
         O brasileiro é essencialmente puro de alma, mais ainda solidário.
Não tem esse rancor no seu coração.
         Estão tratando um fato isolado como se estivesse acontecendo em todos os estados deste país, o que não é verdade.
         Estamos conversando do suposto preconceito contra os imigrantes venezuelanos.
         Falar de sentimentos é muito complicado.
         Saber o que a alma e o coração sentem é muito intrínseco, é quase que a mesma coisa que decifrar o DNA das emoções de um indivíduo.
         Estou tentando ver essa “rebeldia” que tanto a imprensa nacional vem destacando, como uma reação normal de quem vive num país onde as oportunidades de trabalho e o índice de pobreza batem recordes.
         Negativo, é claro.
         Seria mais como um sentimento de “preservação da espécie”.
         Num primeiro momento, a sensação dos brasileiros, nem todos é bem verdade, é de que estas pessoas que estão passando fome, que não possuem mais um emprego, uma casa, um lar, estariam ocupando espaços que poderiam ser seus.
         Não, isso não é assim.
         É preciso que se esclareça como tudo isso funciona.
         Pela ordem legal, o Brasil precisa cumprir o tratado que aderiu junto a Organização das Nações Unidas (ONU), Convenção de Genebra em 1951 e o Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais, de 1961.
         Num segundo momento está a ONU que paga a hospedagem dos venezuelanos e, o governo federal oferece mensalmente 400 reais por pessoa que o município aceite receber.
         Os governos são constituídos para isso, também.
         Portanto, não cometa tamanha desfaçatez: “então abriga ele na tua casa”.
         Num terceiro plano e, nem por isso de menor importância, está o ato humanitário para com um povo sofrido, esmagado por um governo despótico, tirânico, que transformou um país em fome, desemprego e populosas rotas de fuga.
         Lembrem-se ainda: não somos nós, Brasil, o país preferido para o abrigo de tão sofrida gente.
         Colômbia vem em primeiro lugar com 500 mil venezuelanos que lá buscaram refúgio.
         E, em se tratando do povo gaúcho, “no lo creo” em sentimentos contrários ao que estamos acostumados a ofertar.
         Nosso Estado desenvolveu-se e prosperou com o trabalho dos imigrantes, portanto, é inaceitável qualquer manifestação que não seja de solidariedade e carinho com gente tão sofrida.
         Como está dito em muitos lugares, não serão 200 ou 300 imigrantes que farão a diferença em municípios de 85/100 mil habitantes.
         Sim, com toda a certeza os municípios vivem às turras com problemas de desemprego, de saúde, de segurança, com a educação precária e infraestrutura paupérrima, mas aqui trata-se de seres humanos, trata-se de amparo, de ajuda e de apoio para nossos semelhantes.
         Essa é a situação que ora se apresenta.
         Com toda a certeza os gaúchos saberão entender esse momento.
         Não quero que meu Estado venha a ser maculado com um sentimento tão mesquinho que está inserido na pobreza de espírito.
         Logo aí, em seguida, estaremos comemorando a Semana Farroupilha, pois então façamos deste nosso orgulho, uma manifestação de solidariedade ao povo venezuelano.
         Está lá, desfraldada em nossa bandeira: Liberdade, Igualdade, Humanidade.
         Acredito no meu povo.
        
        
        
        
        

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