quinta-feira, 15 de fevereiro de 2018


QUARTA-FEIRA DE CINZAS

                                                                                                                                                                                                                                   Krretta

            Certo amigo postou no grupo de whatsapp, foto da “passarela do samba”, no domingo de carnaval, 1:30 h da madrugada.
            A legenda trazia os seguintes dizeres: “Carnaval na terrinha”.
            A imagem refletia exatamente o que restou deste evento depois de tantos percalços durante muitos anos, ou seja, uma rua totalmente deserta.
            São outros tempos.
            Sim, eu também acredito que muita coisa deveria ter sido feita, para que não houvesse um abandono tão radical, dos foliões, na festa de Momo.
            Vários, muitos, muitos fatores concorreram para que tudo isso transformasse a avenida principal, em pleno domingo de carnaval, numa rua totalmente deserta, muito longe de outros tempos.
            Deixo para vocês enumerarem tais fatores, na ordem que tenham por maior a menor importância, nos mais diversos setores da administração pública, principalmente.
            Aqui, é preciso que se faça uma reflexão, mesmo que em outra época, já enfrentando os cofres vazios, administradores do paço municipal haviam reduzido o patrocínio ao carnaval de Encruzilhada do Sul, onde sofreram duras críticas.
            Hoje, nenhum valor foi aportado as entidades carnavalescas, no entanto, nenhuma manifestação foi ouvida, quanto mais, esbravejada.
            E não deveriam.
            Nem lá, e nem aqui.
            Em primeiro lugar, infelizmente, não existiu naquela época, e não existe agora, verbas disponíveis para este, ou qualquer outro evento público-cultural, na grande maioria dos municípios deste Brasil afora.
            O Rio Grande do Sul com seus 497 municípios, 83% destes não foram agraciados com qualquer erário público, neste carnaval.
            Não seria aqui, com incontáveis, intensas e repetidas dificuldades a acontecer o contrário.
            Vamos e convenhamos.
            Na minha concepção, pode-se notar que as entidades carnavalescas, mesmo diante de imensas dificuldades, nestes três últimos anos, souberam como ninguém suplantar estas adversidades.
            Aproveita-se o ensejo para parabenizar seus “comandantes”, abnegados carnavalescos que não estão poupando esforços para que o carnaval não venha a desaparecer das ruas da nossa cidade.
            Não se pode deixar “aproveitadores” roubarem o mérito da questão.
Estes dirigentes, mesmo sem querer, deixam um aprendizado diante da situação que hoje se posta, ou seja, vida própria em suas entidades, sem mais depender do famigerado paternalismo.
Este carnaval foi o exemplo, pois sem nenhum aporte, foi uma grande festa, o que demonstra o fim de um ciclo.
            Existem muitas coisas a serem buscadas, a serem feitas, que precisam retornar, como a criatividade para buscar recursos, a boa vontade, as colaborações, os voluntários, e, principalmente, o amor pela entidade, coisa que muito pouco se percebe hoje em dia.
            Há algum tempo passado, ninguém recebia coisa alguma, nem pela fantasia, nem pelo desfile, nem pelo seu talento, seja destaque, seja ritmista, seja um simples integrante de ala, nem por coisa alguma, tudo era por amor as suas cores preferidas.
            Acho que chegou a hora, até mesmo de vender este espetáculo (pensem nisso).
            Precisa-se cortar as amarras deste paternalismo escravizante e viciado, levando as entidades a dependência e a aflição extrema.
            Respirem e sintam a liberdade!
            Vocês conseguem, aliás, vocês já conseguiram.
            Parabéns.

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