quarta-feira, 13 de abril de 2011

Krretta

OS CROCS

Quem nunca usou deveria experimentar.
É muito bom.
Há quem diga que machuca os pés, o que não é verdade, ao menos para mim, talvez o que sintam seja apenas um tipo de massagem do-in.
Quanto mais velha, melhor.
Fica mais macia, maleável, e, já está perfeitamente adaptada e moldada ao pé do vivente.
O que se nota é que ela, por aqui, é muito pouco usada, no entanto, lá nas bandas da fronteira, este tipo de sandália, se é que assim se pode afirmar, é muito utilizada.
Substitui em larga escala as “havaianas”.
Quando o peão termina a lida, a primeira coisa que faz é colocar as mais velhas, porque a nova só vai para os pés depois do banho.
Definindo-as, podemos dizer que é um calçado tipo sapatilha, feito em brim ou lona, com solado de corda e que pode ser preso ao pé por meio de tiras de couro, corda ou pano.
Também já é feita em couro, de preferência, de capincho.
Estamos falando das conhecidas alpargatas.
As alpargatas não são originárias dos países platinos, como muitos pensam, e, de onde vem a informação que a original é uruguaia.
Ela teve origem entre os trabalhadores das docas, na França e chamam-na de “spadrille”, e, para nós chegou, aí sim, pelo Uruguai, Alpargatas Ruedas, originadas da Espanha, que a batizaram de alpargata ou alpercata.
Em épocas em que o meio ambiente passa a ser um dos assuntos mais debatidos, afirma-se sem errar, que as alpargatas são 100% ecológicas, por sua composição.
Usada preferencialmente no verão, podemos dizer que no inverno também é muito confortável uma alpargata, quando se tem nos pés uma meia de lã, ou uma meia soquete.
Não é muito elegante, mais é prático e confortável.
Ao invés de chinelinhos de pelúcia, chinelinhos de veludo, chinelinhos acolchoados, de papai, de vovô, ou pantufinhas, o melhor mesmo é uma alpargata com meia.
O único senão seria o piso molhado.
Ela é que nem o Cascão, do Maurício de Souza, odeia água.
Não enfrenta nada que possa molhar seu solado de cordas, pois quando seca, fica enrijecida, perde sua maleabilidade, e, só com o uso voltará ao seu estado normal.
Mas lendo mais a fundo a história das alpargatas, descobri que aqui no Brasil, deixando as importadas de lado, pela nossa facilidade e aproximação com os países platinos, ela começou a ser produzida em 1907, pelo escocês Robert Fraser, que veio da Argentina, associado a um grupo inglês, quando construíram no bairro da Mooca, em São Paulo, a Fábrica Brasileira de Alpargatas e Calçados.
Dizem que o sucesso foi imediato, sendo que as alpargatas mostraram-se perfeitas para colher café, porque não machucavam os grãos.
Em 1909, a empresa mudou de nome para São Paulo Alpargatas Company S.A.
Nos anos 40, a empresa adota o seu nome definitivo: São Paulo Alpargatas S.A.
A São Paulo Alpargatas S.A., é a empresa que fabricou as calças de brim Far West, lembram?
Também os encerados Locomotiva, o Brim Coringa, os sapatos Sete Vidas, as havaianas, a calça Topeka, as Colchas Madrigal, as calças Us Top, os artigos esportivos Topper e Rainha, as sandálias Samoa, Top Plus, e recentemente, a Mizuno.
Mas, nós estávamos falando das alpargatas...
Eu estava olhando para as minhas alpargatas, a mais velha já está extremamente macia, a de brim vai pelo mesmo caminho e, a branca, ficará para o verão que vem.
Apresentaram-me o chinelo dito ecológico, Crocs; vamos e convenhamos, que coisa bem feia.
Prefiro mil vezes as minhas alpargatas, legítimas, de lona e solado de corda!

A VOLTA DO FESTIVAL

Krretta hcarretta@yahoo.com.br



Estivemos, ano passado, aqui neste espaço, clamando pela volta dos eventos culturais em nossa cidade.
Aí se incluía o carnaval de rua e a Ramada da Canção Nativa.
O Grupo Desgarrados, em reuniões anteriores, resolveu, numa atitude destemida e, contra alguns detentores da batuta, novamente tentar ativar o festival.
Pois bem, para a felicidade daqueles que são afeiçoados as lides musicais nativista, a Ramada da Canção Nativa também vai acontecer.
Agora, dos eventos que aqui foram reclamados, o carnaval e o festival, pois os dois foram atendidos, salvo melhor juízo.
Pelas informações recebidas, somente algum acidente grave de percurso poderá inibir este evento.
Novamente venho salientar que a crítica, construtiva, é claro, deve sim existir, pois quando queremos que as coisas aconteçam, é preciso “botar o bloco na rua”, com parcimônia, com boas intenções, com vontade de que elas se realizem, e, foi isto que fizemos.
Ainda bem que o reclame encontrou eco nas pessoas de boa vontade, naqueles que entendem ser a cultura um bem extremamente necessário, que não se eximem de responsabilidades e, buscam, mesmo com ônus, a satisfação popular.
Como também têm aqueles que não gostam, que acham a cultura desnecessária, e, querem o povo marcado a ferro em brasa, para servirem de massa de manobra, o que é lamentável, e alijam-no de maiores noções do saber e da diversão.
Depois, quando os eventos acontecem e, são vastamente elogiados, eles, rompem resplandecentes e luzidios, para marcar as suas presenças, o que é extremamente ridículo e, totalmente dispensável.
Ah, os pavões...
Mas, enfim, a Ramada da Canção Nativa já é uma realidade.
Primeiramente, teremos a Ramadinha, festival de consumo interno, digamos assim, que deverá ser levado a efeito nos dias 15 e 16 de julho, no CTG Rodeio de Encruzilhada, onde os primeiros dois trabalhos serão classificados para o festival principal que é a Ramada.
Neste evento, em torno de 100 trabalhos são inscritos para a triagem de 15, que serão apresentados ao público e, lá acontecerão os shows de Tiago Oliveira, com lançamento de seu segundo CD e, Robledo Martins.
A apresentação será a cargo de Robert Ribeiro.
Já a Ramada da Canção Nativa está prevista para os dias 02, 03 e 04 de dezembro, a se realizar no Ginásio Danilo D Cassepp.
Existe o desejo dos organizadores, pois não tem nada contratado ainda, que os shows sejam de Cézar Oliveira/Rogério Melo, Mano Lima e, do Guri de Uruguaiana, o que será uma ótima pedida.
Portanto, senhores e senhoras, o objetivo deste espaço está atingido, o Correio Popular Encruzilhadense se orgulha, pois a intenção sempre foi buscar nos setores responsáveis, o resgate de nossa cultura, e, isto aconteceu.
Lindo, a Ramada da Canção Nativa está de volta!!!!

POR QUÊ?

Krretta
hcarretta@yahoo.com.br


Esta é uma pergunta que vai ficar no ar por muitos e muitos anos.
O assunto deste espaço não era esse, contudo, não tem como ficar indiferente, aliás, é por muitas indiferenças que talvez estejamos falhando, e, hoje, nos sentindo um tanto quanto culpados.
Estou em frente ao meu computador e, minhas mãos estão estáticas, nada se mexe, não tomo nenhuma atitude, e, não consigo pensar em outra coisa, a não ser tomar o rumo das palavras e, sem rodeios, abordar o assunto.
Ainda não consegui assimilar o golpe.
O fato é recente, hoje é sábado, são dezenove horas e, vocês vão ler a coluna somente na quarta-feira, quando buscarem o “19” nas bancas ou receberem em suas casas, o que até lá, espero, o espanto, a perplexidade, o sobressalto já tenham amenizado, o que para as famílias atingidas isto será impossível.
A tragédia de Realengo, Rio de Janeiro.
Confesso a vocês que não tenho um conceito formado, uma resposta plausível, uma frase elaborada e verdadeira para tentar, eu disse tentar, entender o fato.
A minha incapacidade de chegar a um bom termo me deixa aflito.
Por quê?
Tantas outras coisas para falar, para comentar, para interpretar, no entanto, estou aqui buscando explicações em resposta ao fato insólito e inabitual na rotina de nós brasileiros.
É imensa a distância que nos separa até digerir a dor, imaginem, então, quem está vivenciando-a no seio familiar?
A pergunta, ou melhor, as perguntas sem respostas são tantas, que estamos, eu e, tenho certeza que vocês também, atônitos a cata de explicações.
Fanatismo religioso, castidade, falta de segurança, a violência diária como exemplo, o desprezo pela vida, a banalidade da existência, o que, afinal?
Surgem aos borbotões as mais diversas opiniões, mas, a verdadeira, jamais saberemos.
Até se pode tentar entender, buscar na ciência a interpretação aproximada da execução do ato, isto pode, contudo, a justificativa, a comprovação cabal da ação, em tempo nenhum será esclarecida.
Confesso que escrevo esta coluna, bastante emocionado.
Tenho os olhos marejados a cada instante em que me lembro do rosto daquelas meninas e, dos dois meninos mortos na tragédia de Realengo, cheios de sonhos, de planos, transbordando alegria e jovialidade em seus tenros 13/15 anos, no momento em que a vida lhes deixava transparecer o quanto poderia ser boa.
As lágrimas nada mais são do que a consciência de que também sou pai, tenho duas filhas e, elas tiveram essa idade, por conseguinte, qualquer tragédia com quaisquer outros filhos, de outros pais, de outras mães, desencadeia este fenômeno de proteção paterna, e, que nos afeta fortemente.
Estamos todos no mesmo barco, o barco da tristeza, da melancolia, do pesar, também do sobressalto, do susto, da incredulidade, eu, vocês, e, principalmente os que estão acostumados a lidar com tragédias, como médicos, jornalistas, policiais, entre tantos outros profissionais.
Oxalá, este fato insólito se perpetue insólito.
Nós, brasileiros, não temos esta índole, somos da terra do samba e do futebol, da alegria, do carnaval, somos de bem com a vida, apesar de muitos pesares, então, que nada mais aconteça, que nada mais seja copiado, que nada instigue a violência insana e descabida, e, que os porquês se encontrem em gestos responsáveis pela construção de um mundo menos violento.