Krretta
hcarretta@yahoo.com.br
A melhor forquilha tinha que ser de goiabeira, raspada a canivete.
Muitas vezes a modernidade suplantava as características primordiais, e, em lances de que se valiam da escassez de goiabeiras nos quintais repleto de arvoredos nas casas, e, com alguma criatividade, um arame denso, mas maleável, era o suficiente para se criar uma forquilha.
Câmara de pneu de bicicleta.
Tiras não tão finas e nem tão grossas, também era preciso.
Medida certa para que tivessem um bom desempenho no esticar, sem que fosse necessário empregar muita força, o que fazia a forquilha tremer, e, por consequência, estragar a mira.
Ainda bem que naquele tempo as oficinas de bicicletas eram em profusão, e, sempre estavam lotadas de serviços, sendo o que mais faziam era consertar pneus furados.
Engraçado, será que os pneus das bicicletas modernas furam tanto quanto furavam os de antigamente?
É claro que haviam outros serviços como a troca de algum raio, a substituição das borrachas (balacas) do freio, as esferas do cubo, mas, o que faziam nossos olhos brilharem eram os acessórios.
Contudo, deixemos os acessórios para uma outra oportunidade.
Com a câmara de ar na mão, uma boa tesoura se fazia necessário para o corte das tiras, parelhas no cumprimento e iguais na largura.
Um bom bodoque também requer ótima aparência, além, é claro, de ter que apresentar um ótimo desempenho.
Quase pronto.
Então, é a vez do sapateiro.
Um “côrinho”.
O que significava um pedaço pequeno de couro, de 6 a 8 cm, dependendo do tamanho da forquilha, o que tinha que ser compatível.
O couro é onde se abrigam as munições antes de serem lançadas, ou, ao vento, ou...
Aliás, me dou conta de que o bodoque nada mais é do que uma forma estilizada da medieval catapulta, porém, mais veloz, incisivo e certeiro.
Imaginemos que sim.
Ou alguém se importaria com esta comparação?
Pois bem, então, agora, é só montar o bodoque.
Importante: as tiras precisam estar bem amarradas, e, para isto, estica-se as borrachas (tiras), o máximo que puder, e, só então se amarra, tanto na forquilha, quanto no “côrinho”.
É preciso que se diga que o “côrinho”, também era feito, ou melhor, era utilizado, das línguas de sapato velho, é claro.
Você sabe o que é uma língua de sapato?
A língua de sapato é... perguntem aos mais velhos, aqueles que usaram sapatos com línguas, o Passo Double, por exemplo.
Agora me surgiu uma dúvida: tênis tem língua?
Deixemos as papilas fungiformes, foliáceas, circunvaladas, filiformes, etc., etc., etc., de lado.
Assim se faziam os bodoques, e, não eram usados para matar passarinhos, como muitos estão pensando, serviam, também, para tiro ao alvo, guerrear com outras turmas, derrubar alguma fruta madura mais alta, quebrar por ventura, ou aventura, alguma vidraça, competir em distância com outros bodoques, de preferência num açude, entre outros fins.
... estava escutando Tropa de Osso, deste sensível e excepcional poeta, Humberto Gabbi Zanatta...
“...o meu bodoque e o banho no açude,
Foram na infância minha vida verdadeira!”
Leia não para contradizer nem para acreditar, mas para ponderar e considerar. Francis Bacon – filósofo inglês
terça-feira, 22 de março de 2011
terça-feira, 8 de março de 2011
CINZAS
Krretta
hcarretta@yahoo.com.br
Tudo é silêncio.
Ficaram para trás sonhos e fantasias entre confetes e serpentinas.
Um pouco da cidade, dorme.
Alguns transeuntes caminham, agora, em busca de seus destinos e, logo adiante, um folião descomposto, em meia vestimenta, briga com o sol em favor de outra lua.
As janelas das casas, muitas, estão fechadas, ou, postigos entreabertos, não deixam que a luminosidade penetre na sala, lá, possívelmente, dormem corpos encharcados pelo cansaço da entrega as folias, agora, aos cuidados dos devaneios.
Os tecidos que foram dantes, radiantes pierrôs e colombinas, jazem em desalinho num canto qualquer, quem sabe em cima de uma cadeira, ou, desoladamente jogada ao chão, num misto de graça e dor, por quem agora descobre-se longe do amor.
O tempo, sisudo, não tem graça.
É cinza.
Nuvens escuras ornamentam o céu, por cima de uma decoração presa aos fios, numa passarela que foi intensa de alegrias, da descontração dos pares, do bailado de um mestre-sala com a sua porta-bandeira, e, a marcação firme do surdo de contra-ataque bem ao compasso dos corações, templo sagrado dos sambistas, ora invadida impiedosamente, agora, por carros que teimam em ir e vir, reintegrando-se ao cotidiano.
A vida recomeça aos poucos.
Alguns pingos de chuva caem.
Dirão os poetas que são lágrimas dos apaixonados por saberem da reprise de suas histórias só no ano que vem, quem sabe a saudade de um amor incerto que nunca deveria ter batido as portas do seu coração.
Calam-se as canções.
Não se ouve mais músicas no ar.
É preciso mais do que depressa espantar a tristeza.
Fazer voltar à felicidade, porque os sorrisos estão adormecidos em algum lugar.
Aos poucos, tristemente, tudo vai voltando ao que era antes.
Ah! A dor da saudade.
Como disse o “Poetinha”:
“Acabou o nosso carnaval
Ninguém ouve cantar canções
Ninguém passa mais brincando feliz
E nos corações, saudades e cinzas foi o que restou.
Pelas ruas o que se vê, é uma gente que nem se vê,
Que nem se sorri, se beija e se abraça,
E sai caminhando, dançando e cantando cantigas de amor.
E, no entanto é preciso cantar
Mais que nunca é preciso cantar
É preciso cantar e alegrar a cidade...”
Hoje, é quarta-feira de cinzas.
Ficam saudades, amores, paixões, vão-se também, desfazem-se os sonhos e as fantasias, e, abrem-se as cortinas da vida real.
Hoje, é quarta-feira de cinzas.
-:-
N.A. –“... minha escola estava tão bonita, ERA TUDO O QUE EU QUERIA VER”!!!!!
hcarretta@yahoo.com.br
Tudo é silêncio.
Ficaram para trás sonhos e fantasias entre confetes e serpentinas.
Um pouco da cidade, dorme.
Alguns transeuntes caminham, agora, em busca de seus destinos e, logo adiante, um folião descomposto, em meia vestimenta, briga com o sol em favor de outra lua.
As janelas das casas, muitas, estão fechadas, ou, postigos entreabertos, não deixam que a luminosidade penetre na sala, lá, possívelmente, dormem corpos encharcados pelo cansaço da entrega as folias, agora, aos cuidados dos devaneios.
Os tecidos que foram dantes, radiantes pierrôs e colombinas, jazem em desalinho num canto qualquer, quem sabe em cima de uma cadeira, ou, desoladamente jogada ao chão, num misto de graça e dor, por quem agora descobre-se longe do amor.
O tempo, sisudo, não tem graça.
É cinza.
Nuvens escuras ornamentam o céu, por cima de uma decoração presa aos fios, numa passarela que foi intensa de alegrias, da descontração dos pares, do bailado de um mestre-sala com a sua porta-bandeira, e, a marcação firme do surdo de contra-ataque bem ao compasso dos corações, templo sagrado dos sambistas, ora invadida impiedosamente, agora, por carros que teimam em ir e vir, reintegrando-se ao cotidiano.
A vida recomeça aos poucos.
Alguns pingos de chuva caem.
Dirão os poetas que são lágrimas dos apaixonados por saberem da reprise de suas histórias só no ano que vem, quem sabe a saudade de um amor incerto que nunca deveria ter batido as portas do seu coração.
Calam-se as canções.
Não se ouve mais músicas no ar.
É preciso mais do que depressa espantar a tristeza.
Fazer voltar à felicidade, porque os sorrisos estão adormecidos em algum lugar.
Aos poucos, tristemente, tudo vai voltando ao que era antes.
Ah! A dor da saudade.
Como disse o “Poetinha”:
“Acabou o nosso carnaval
Ninguém ouve cantar canções
Ninguém passa mais brincando feliz
E nos corações, saudades e cinzas foi o que restou.
Pelas ruas o que se vê, é uma gente que nem se vê,
Que nem se sorri, se beija e se abraça,
E sai caminhando, dançando e cantando cantigas de amor.
E, no entanto é preciso cantar
Mais que nunca é preciso cantar
É preciso cantar e alegrar a cidade...”
Hoje, é quarta-feira de cinzas.
Ficam saudades, amores, paixões, vão-se também, desfazem-se os sonhos e as fantasias, e, abrem-se as cortinas da vida real.
Hoje, é quarta-feira de cinzas.
-:-
N.A. –“... minha escola estava tão bonita, ERA TUDO O QUE EU QUERIA VER”!!!!!
quinta-feira, 3 de março de 2011
A FESTA É DO POVO
Krretta
hcarretta@yahoo.com.br
Já o título é uma grande comemoração.
São palavras que inspiram felicidade, descontração, liberdade, e, suas grafias, em seu estilo e proporcionalidade na frase, estampam a simetria e o prazer da vida.
O amor está no ar, os tantos encontros, outros tantos desencontros, os desejos, as conquistas, o suor, entre beijos e abraços, é a magia do momento, instantes que serão inesquecíveis para quem os vivenciar verdadeiramente.
Em quatro dias a vida faz a prece e, as estrelas no chão descem para ouvir, o som vibrante de cavaquinho e violão, encanta Orfeu os pândegos a sambar...
Estamos falando de carnaval...
...Quanto riso! Oh! Quanta alegria!
Mais de mil palhaços no salão.
Arlequim está chorando
Pelo amor da Colombina
No meio da multidão!...
Eis aí às portas da grande festa momesca, são apenas dois dias que separam nesta semana o suor e trabalho, do suor e cerveja, tal qual a vida que sempre o brasileiro idealizou para a sua existência.
Carnaval, mulher e cerveja, tudo combina!
E, se puder, no intervalo de uma festa e outra, de quebra um futebolzinho, porque ninguém é de ferro.
Aliás, é muita judiação em pleno carnaval, uma partida de futebol valendo por um campeonato, mas, profissional é profissional, vai dizer que não?
Então, nada a reclamar, ainda mais com a grana que estes caras ganham e, sabem bem que após o prélio, vai estar a espera de muitos deles, um belo baile de carnaval, regado a espumantes gelados e belas mulheres, ou será que não?
Poder podem eles.
Mas, tudo é carnaval.
O que vale é a festa, a alegria...
...Foi bom te ver outra vez
Tá fazendo um ano,
Foi no carnaval que passou,
Eu sou aquele Pierrô, que te abraçou,
E te beijou, meu amor...
Assim caminham os apaixonados, pelas ruas iluminadas, claras como noites enluaradas, abraçados, enamorados, e, vão cantando de mãos dadas, em busca da paz e da felicidade, como assim fosse a eternidade, por quê não?
Ah! Sim! Carnaval é festa, é alegria, descontração, liberdade, felicidade, e, de paz, muita paz, paz de espírito, paz na alma, paz no coração, paz no trânsito, carnaval é isso também, é não as irresponsabilidades, é não aos desentendimentos, é não as discórdias, é não a violência, veja-o sempre pelo lado bom do divertimento, da comemoração, do prazer, veja-o como se fosse a sua festa...
...Na mesma máscara negra,
Que esconde teu rosto
Eu quero matar a saudade.
Vou beijar-te agora,
Não me leve a mal:
Hoje é carnaval!!!
Então, que venha a Festa de Momo, que venha a alegria, para que todos façam e tenham uma grande comemoração nestes quatro dias de folia, e, que impere sempre a compreensão, a harmonia, o perdão e, muito, muito amor no ar e nos corações!!!
hcarretta@yahoo.com.br
Já o título é uma grande comemoração.
São palavras que inspiram felicidade, descontração, liberdade, e, suas grafias, em seu estilo e proporcionalidade na frase, estampam a simetria e o prazer da vida.
O amor está no ar, os tantos encontros, outros tantos desencontros, os desejos, as conquistas, o suor, entre beijos e abraços, é a magia do momento, instantes que serão inesquecíveis para quem os vivenciar verdadeiramente.
Em quatro dias a vida faz a prece e, as estrelas no chão descem para ouvir, o som vibrante de cavaquinho e violão, encanta Orfeu os pândegos a sambar...
Estamos falando de carnaval...
...Quanto riso! Oh! Quanta alegria!
Mais de mil palhaços no salão.
Arlequim está chorando
Pelo amor da Colombina
No meio da multidão!...
Eis aí às portas da grande festa momesca, são apenas dois dias que separam nesta semana o suor e trabalho, do suor e cerveja, tal qual a vida que sempre o brasileiro idealizou para a sua existência.
Carnaval, mulher e cerveja, tudo combina!
E, se puder, no intervalo de uma festa e outra, de quebra um futebolzinho, porque ninguém é de ferro.
Aliás, é muita judiação em pleno carnaval, uma partida de futebol valendo por um campeonato, mas, profissional é profissional, vai dizer que não?
Então, nada a reclamar, ainda mais com a grana que estes caras ganham e, sabem bem que após o prélio, vai estar a espera de muitos deles, um belo baile de carnaval, regado a espumantes gelados e belas mulheres, ou será que não?
Poder podem eles.
Mas, tudo é carnaval.
O que vale é a festa, a alegria...
...Foi bom te ver outra vez
Tá fazendo um ano,
Foi no carnaval que passou,
Eu sou aquele Pierrô, que te abraçou,
E te beijou, meu amor...
Assim caminham os apaixonados, pelas ruas iluminadas, claras como noites enluaradas, abraçados, enamorados, e, vão cantando de mãos dadas, em busca da paz e da felicidade, como assim fosse a eternidade, por quê não?
Ah! Sim! Carnaval é festa, é alegria, descontração, liberdade, felicidade, e, de paz, muita paz, paz de espírito, paz na alma, paz no coração, paz no trânsito, carnaval é isso também, é não as irresponsabilidades, é não aos desentendimentos, é não as discórdias, é não a violência, veja-o sempre pelo lado bom do divertimento, da comemoração, do prazer, veja-o como se fosse a sua festa...
...Na mesma máscara negra,
Que esconde teu rosto
Eu quero matar a saudade.
Vou beijar-te agora,
Não me leve a mal:
Hoje é carnaval!!!
Então, que venha a Festa de Momo, que venha a alegria, para que todos façam e tenham uma grande comemoração nestes quatro dias de folia, e, que impere sempre a compreensão, a harmonia, o perdão e, muito, muito amor no ar e nos corações!!!
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