quinta-feira, 19 de setembro de 2024


ANTES...

 


                                                                      Beto Carretta

 

...de um bom vinho, o saca-rolha.

           Muitos podem não dar valor a este instrumento, no entanto, principalmente aos enófilos de plantão, e estou incluindo aqui todos os apreciadores de vinho, de plantão ou não, que cabe a missão de abrir uma garrafa, sabem das dificuldades que se apresentam nesta hora.

           Acreditem, não é fácil não.

           No entanto, se souberem da importância de se ter um bom abridor de vinho em casa, ou até mesmo no restaurante, tenham a mais absoluta certeza de que as coisas podem ficar bem mais agradáveis.

           Muitas vezes a luta é desigual, principalmente quando se tem pela frente uma boa rolha, que, aliás, é um pequeno cilindro de aproximadamente 24mm de diâmetro e, em torno de 45mm de comprimento, todavia de uma resistência sem fim se, encontramos uma garrafa bem vedada.

           Trava-se uma verdadeira luta corporal.

           Força é o que mais se exige, além de um aquecimento corporal intempestivo, tapas no fundo da garrafa, opiniões daqui, resistência dali, e, aquela velha solução que, só agora aprendemos ser totalmente contraindicada, ou seja, empurrar a rolha para dentro do recipiente.

           NÃO, ISSO NUNCA!!!!

           Não se admite sob hipótese alguma esta atitude, no entanto eu me pergunto, e, se estamos longe de um saca-rolha, bem distante da civilização, o que se faz?

           Dia desses lia algumas informações a respeito de vinho, o que tenho feito muito ultimamente, com o intuito de aprender (nunca é tarde...) um pouco mais a respeito desta bebida de tantos atrativos, tão misteriosa por suas nuances, e, deparei-me com algumas considerações de Adolfo Lona, enólogo, na qual comentava sobre a necessidade de se ter um bom saca-rolha.

" ...o problema é que, quando se encontram um saca-rolha inadequado e uma rolha valente, o estrago pode ser grande, para o vinho ou para a vítima de turno."

           E é o que também opinamos.

           Ele comenta que muitas pessoas, e, eu diria, a grande maioria, subestima a importância de um bom saca-rolha, adquirindo exemplares não muito recomendáveis, e, depois, acontece tudo aquilo que a gente já sabe.

           Segue ele: "...um dos mais temidos é o bate-coxa em formato de T, que exige força bruta como recurso para extrair a rolha."

           O nome bate-coxa aqui apelidado pelo enólogo refere-se a posição que ocupa a garrafa (entre as pernas), o que ajuda a obter mais força para se abrir o frasco do precioso líquido.

           Com ele, tem de se fazer alavanca, usando as coxas e os braços e muita força.

           É bem verdade que o saca-rolha pode ser um instrumento de trabalho ou de tortura.

           Também é verdade, conforme Adolfo Lona, que tem alguns saca-rolhas muito sofisticados que vêm acompanhado de um manual de instruções que exige um curso mais apurado para se lidar com ele.

           Esse também não serve, a não ser que você queira ir a Brasília (meus colegas de BB vão entender...).

           Pois é, estamos diante de um impasse, contudo, muito simples de ser resolvido caso você não queira abrir briga com as suas garrafas de vinhos e as respectivas rolhas em frente aos seus amigos e convidados.

           É bastante constrangedor.

           Por isso, prefira os que possuam um espiral de espaço perfeito, fino, e, que seja bastante resistente, mas, que também seja de fácil manuseio, principalmente que possua uma sistemática que lhe favoreça, para que não exija de você músculos forjados em academias.

           Ainda ensina nosso enólogo de que é preciso usá-lo adequadamente, introduzindo-o até uma profundidade que deixa fora o último anel, para não perfurar a rolha, deixando cair pequenos pedaços no vinho, que por sua vez cairão no copo de alguém.

           Um bom saca-rolha evita muitos movimento inúteis, lembre-se.

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Fonte: Jornal Zero Hora, Caderno Gastronômico, enólogo Adolfo Lona.

           

 

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