OS FILHOS TÊM PRESSA
Krretta
E a
quem os pais vão pedir socorro?
Conheci a história
de um casal que seus filhos foram embora.
Não
por qualquer razão a não ser, buscar os seus espaços no mundo.
Senti-me
agoniado.
A
aflição se sente à vontade para tomar conta do sentimento de qualquer um, ainda
mais sendo pai ou mãe, vendo os seus filhos partirem.
Sim,
é bem verdade que não há nada a fazer.
O
mundo tomou um certo “feitio”, que não tem nenhum outro jeito, ou seja, abriram-se
as portas da competição em alto nível, ferrenha, exigente, acirrada, disputada
palmo a palmo, onde nos vimos com nossos filhos em meio a todo este turbilhão.
Talvez
não sejamos nós a pedir socorro, mas eles...
Um
milímetro de avanço nesta árdua caminhada e sentimo-nos todos orgulhosos, e só
quem convive com esta “peleia”, é que tem o verdadeiro conhecimento da
importância de crescer nestas rígidas e insensíveis batalhas cotidianas.
Vivemos
um sofrimento calado, contínuo e diário.
Como
disse o jornalista e escritor Fabrício Carpinejar:
“A bicicleta é a primeira vez que o pai ou
mãe deixa o filho seguir sozinho...quando os pais são obrigados a retirar a
rede da janela dos olhos, desligar o GPS do sangue e confiar que nada de ruim
acontecerá...”
Com toda a razão,
quando empurramos a bicicleta e, largamos as mãos para que nossos filhos
busquem a liberdade, é ali que o mundo nos toma e dá-lhes todo o direito de
decidir, se vão para frente ou para os lados, se param ou continuam, pois agora
são suas mãos (e as pernas...) que comandam os seus destinos, não mais os pais.
Ainda
bem que não nos damos conta quando lá atrás assim o fizemos, mas que agora,
depois que entendemos aquele simples ato de ensinar, no anseio de que eles
ganhassem o mundo, hoje não pensamos diferente e muito menos nos arrependemos,
mas sofremos, e como.
Alguém
algum dia, com bem menos pompa já disse: “criamos os filhos para o mundo”.
Verdade.
Mas
não impede, em nenhum momento, de que nossos desejos lá bem escondidinhos
dentro da alma, digam que nós queríamos que não fosse assim.
Os
anos derradeiros do século passado e os incomplacentes dias desta era,
sentenciaram os pais para cumprirem este flagelo.
Vivemos
perdendo pedaços de nós mesmos por este planeta afora, temos a alma e o coração
dilacerados pela saudade, e a concorrência impiedosa obriga-nos a cada vez mais
suportar a dor das distâncias e das separações.
Estamos
fadados a conviver com a solidão e a absência de nossos filhos, esta é a
verdade.
E
a dura e cruel realidade está na condição de que somos impotentes para até
mesmo tentar mudar alguma coisa.
Amainar,
sim.
Devemos
aceitar as múltiplas razões de ser assim, ante a qualquer padecimento, quando
pensamos em nossos filhos que estão distantes, nas suas lutas para buscarem seus
anseios e aspirações.
Para
tanto, é preciso sofrear nossas angústias e, buscar entender a razão da vida e
suas nuances nos dias de hoje.
Os
filhos foram embora, é bem verdade, buscam um tempo melhor para eles e para
suas aspirações futuras, mas podemos sim abrandar estas ausências.
Os
filhos têm pressa, porque o mundo hoje em dia tem pressa, nada que não seja
normal e corriqueiro.
Se
estamos sozinhos e não temos a quem pedir socorro?
Nada
disso.
Temos
os amigos!