terça-feira, 29 de janeiro de 2019


 A DOR DE UMA INDENIZAÇÃO
                                                       
                                                                                                      Krretta

         Todo o mundo vêm acompanhando a tragédia, agora, de Brumadinho-MG.
         Muito embora lá em Mariana-MG, há três anos atrás, aquele desastre-crime não tenha servido de lição, os mineiros e brasileiros revivem momentos de luto, angústia e desespero.
         O luto é porque já são mais de 60 mortos, mais de uma centena de desaparecidos e o tempo passando, sem que se revigorem novas esperanças, ao contrário, pois aqui as horas são implacáveis.
         A angústia vem por conta da espera das notícias, da espera pelos possíveis resgates, pelas equipes de socorro, pelas equipes de apoio, pelos órgãos públicos, pois ainda existem muitas informações desencontradas, regiões que ainda não foram vasculhadas, com possíveis sobreviventes nas matas da região, enfim, é uma agonia sem fim que vai minando a resistência física e mental dos parentes e amigos a espera de uma boa-nova.
         Estressante.
         Contudo, o desespero é o que mais comove a todos nós, pois que sabemos que já não há mais nada a fazer.
         São famílias inteiras que viram todos os seus pertences serem sugados pela lama da barragem, a casa destruída, tudo aquilo que conquistaram com sacrifício e tenacidade já não existe mais, já não existe mais para onde voltar, o patrimônio desvaneceu-se, acabou, simplesmente acabou tudo.
         Incalculável não só o prejuízo dessa gente, mas o sofrimento, a dor, a tristeza de ver o seu mundo acabar diante dos seus olhos...
         E, mais ainda, quando tudo isso vêm carregado da desconsolação pela perda de um ente querido.
         Teria coisa pior que tudo isso?
         Teria.
         Pois que muitos corpos ainda não foram localizados e existem grandes possibilidades de que nunca sejam encontrados, para ao menos receberem as homenagens póstumas dos seus familiares.
         Talvez seja essa a dor maior.
         Nunca mais ter paz de espírito, sabendo que embaixo de um mar de lama jaz o corpo do seu marido, ou de um filho, ou de uma mãe...
         Impossível conviver com isso.
         Cobram das autoridades, e cobram com razão, ao menos o direito de ter um corpo para sepultar.
         E dizer que tudo isso vêm da ganância de alguns seres que nem merecem classificação, pois que colocam o lucro de uma empresa à frente da vida dos seus funcionários.
         E o pior e ter que vê-los em entrevistas, manifestarem todo os seus pesares: MENTIRA!
         Não estão sentindo nada, ou melhor, estão sim, estão sentindo a dor do prejuízo que tudo isso vai causar no balanço de fim de ano da companhia.
         Isto é crueldade.
         Vejo muito o clamor universal pelas indenizações aos familiares das vítimas, como vi no caso da Boate Kiss, em Santa Maria-RS...
         Isto muito me comove.
         Pois me coloco no lugar dos pais, dos irmãos, dos filhos, ao receberem as indenizações, se é que elas algum dia vão acontecer, e confesso que meus olhos ficam marejados de emoção.
         Imagino uma quantia razoável de dinheiro, sendo recebido em mãos num Juizado qualquer, através de um cheque ou uma ordem bancária...
         E ver que a vida do seu filho, mãe ou marido virou num papel, traduzido em um valor qualquer, entregue pela Justiça, legitimando a reparação dos responsáveis por aquela tragédia e quitando a dívida.
         Não, isso não...!
         Confesso que termino este texto em lágrimas...


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