segunda-feira, 22 de janeiro de 2018



E O QUE ACONTECE?

                                                                                                                                                                                                                                      Krretta

            Estamos todos enojados de tudo o que está acontecendo neste Brasil, isto lá é uma grande verdade.
            A política e os políticos fizeram com que tudo isso acontecesse, tamanha as estripulias que andam fazendo.
            A vergonha e o caráter já nem existem mais para eles.
            Como também nada mais acontece às escuras, é tudo no claro e se “lixando” para a opinião pública.
            E muitas das autoridades que deveriam tomar providências sérias, que estão previstas em lei, respaldados pela Constituição Federal, ao contrário, buscam brechas nas regras jurídicas para protegê-los.
            Não dá mais.
            O pessimismo tomou conta da população brasileira, pois não se vislumbra caminhos que possam servir de opção contra todos esses desmandos.
            Estamos todos saturados, pois que nada existe de alento, nem num distante futuro.
            Sim, as perspectivas negativas estão presentes em dez das dez opiniões consultadas, a não ser quem está comungando das mesmas falcatruas.
            Não acreditem em anjos nessa história toda.
            O inadmissível é que existem provas concretas apontando culpados, e os culpados continuam dando as suas cartas neste jogo sujo e macabro.
            Continuam atentando contra os brasileiros, e a sensação é de que nada surte efeito para impedir esta imensa subtração das riquezas do nosso país.
            Aliás, riquezas essas construídas com o sangue e o suor do povo brasileiro, mas que vê em escalada assustadora, esvair-se por mãos enlameadas pelo crime e corrupção.
            Estamos todos pasmos com a situação.
            Nem todo a mídia propagando estes crimes todos, nem todas as redes sociais divulgando os fatos sujos e lamentáveis, nem as investigações, se bem que morosas e ainda não efetivas, nada e ninguém tem o poder de pará-los.
            É inacreditável, contrário a razão e ao bom senso, de tamanho absurdo que não faz sentido, nada acontecer.
            Das acusações às delações, dos processos ao aprisionamento, das celas com cinematecas aos presuntos importados e a livre circulação, depois chega o relaxamento das prisões e, lá estão os “pecadores”, recompensados em suas nababescas mansões cumprindo penas domiciliares.
            Cada vez mais nossas crianças, que descaradamente são penalizadas pelas condições do ensino neste país, estão aprendendo que cometer crime por aqui não é tão ruim assim, ao contrário. . .
            Quando até para ser ministro, o “paraguaio” mandatário mor desta nação vai a justiça, para que  o escolhido que foi condenado em processo possa assumir, o que mais poderá vir a acontecer?
            Aos honestos, de vida ilibada, que possuem currículo invejável de retidão e caráter, dispostos a contribuírem à nação, o ostracismo.
            Essa é a conduta política, no momento, da Corte.
            E o que acontece?
            Nada, absolutamente nada.
            E assim vamos andando, e assim vamos sucumbindo. . .  
        Perdoem-me, mas não dá para ficar calado.

quinta-feira, 11 de janeiro de 2018


O AFILHADO
   
                                                                                                                                                                                           Krretta

            Essa aconteceu em Bagé.
   A história que conto é de um amigo do seu Chico Carretta, companheiro inseparável nos jogos de futebol, aos domingos de tarde, no Estrela D’Alva.
           Incontáveis vezes participei destas jornadas esportivas.
           O tempo da história e sua narrativa situa-se no final de década de 1960.
           Vai lá:
“Pois ele conseguiu um afilhado que era fantástico.
Menininho de boa índole, bem-criado, de família humilde, honesta, cujos pais empenham-se em bem criar seus onze filhos.
Negrinho bom de bola, ligeiro, dribles curtos, objetivo e de uma constituição física “mirradinha”, mas que a gente tem prazer em ver jogar uma “pelada”.
Provávelmente será um daqueles raros talentos que irão se perder, pois, com certeza, quando a idade for avançando, o salário da família apertando, terá que largar o que gosta de fazer, e também os estudos, para trabalhar e ajudar no sustento da família.
Uma injustiça, mas a vida tem nos ensinado que é assim, e ponto final.
Mas, voltemos ao “Micuim”.
De uma certa feita, num Baguá (clássico futebolístico entre Guarani x Bagé), num jogo rinhado, o Micuim foi convidado pelo padrinho para ir junto, já que era a final do campeonato citadino.
Casa cheia, estádio completamente lotado, a Taba Índia pulsava aos gritos de ambas as torcidas, muito agito, muitas bandeiras, charangas em plenos pulmões, tarde de sol, um domingo de festas.
E lá se foram o padrinho com seu afilhado...
Micuim era muito esperto, atento a tudo e a todos, não perdia um lance, nem nas arquibancadas e muito menos dentro do campo.
- Padinho, quem aquele cara ali? – quando um amigo passava e cumprimentava ao seu padrinho.
- Padinho, por que a bandeira do Guarani e mais bonita que a do Bagé?
- Padinho, que horas vai começar o jogo?
E assim ia perguntando tudo o que tinha direito e o que não tinha, ao passo que era respondido calmamente por seu padrinho, fazendo-o ver que toda a criança tem direito a todas as respostas às suas perguntas.
- Olha a pipoca! Pipoca quentinha! Olhaaa a pipoca!!
O negrinho cravou os olhos no tabuleiro de pipocas, e meio envergonhado pediu:
- Padinho, me dá uma pipoca?
De imediato foi comprada a pipoca para o piá, que brilhou os seus olhinhos, numa expressão de eterno agradecimento, pois provávelmente foram poucas, ou nenhuma, as oportunidades que teve de comer um saco de pipocas, e aquilo confortou bastante o seu protetor.
De repente, numa gritaria geral, entram em campo os times, e começam a estourar foguetes, agitam-se as bandeiras, charangas entoam os gritos de guerra, e a festa vai começar...
E lá está o Micuim, realizado.
Nem bem começa o jogo e um grito ao longe se escuta:
- Olha o picolé, picolé de morango, abacaxi, creme, limão...!!!
- Picolé baratinho, geladinho, gostosinho!! – grita mais alto o vendedor, vendo que o seu afilhadinho já botava o olho na caixa de isopor.
Não deu outra.
- Padinho, me dá um picolé?
- Qual o sabor que tu queres?
Micuim olhou para o padrinho com seus olhinhos de indagação e não soube responder, pois talvez não saberia escolher de tantas opções que tinham e que ele, certamente, nunca havia tido esta chance.
- Qualquer um – disse atônito.
E lá estava o negrinho saboreando um picolé de morango.
A partida corria solta, disputada, acirrada e o Micuim de olho nas jogadas, nos dribles, e mais ainda naquela bola número cinco, branca, reluzente, talvez imaginando um dia poder ter uma daquelas, sonho de qualquer guri (N.A.-meu também)
- Amendoim quentinho, torradinho, quem vai querer???
- Olhaaa o amendoim, torradinho!!!
Não foi preciso esperar muito.
- Padinho, me dá um amendoim?
Depois desta, a partida passou a ter e ser uma sensação de segundo plano, pois os vendedores começavam a ter maior significado para o Micuim.
Era anunciar uma guloseima e o Micuim pedia ao seu padrinho.
Quem nunca foi assim?
O sonho de toda a criança, principalmente nestas ocasiões, sempre fica nos balaios e isopores de qualquer vendedor, pois doces e salgados sempre foram as suas preferências, e não seria o seu padrinho, com toda a certeza, a desvanecer o encanto do seu afilhado.
- Pastel! Olha o pastel de carne e de queijo, tem pastel de galinha, tem pastel de goiabada!!!
Só me digam, sinceramente, quem resiste a um pastel, seja numa partida de futebol, numa carreira, na rodoviária, ou na lancheria de beira de estrada?
- Padinho, me dá um pastel?
- Pastel aqui para o meu negrinho bom de bola! – gritou o seu padrinho.
E, assim foi o tempo todo.
Terminou o primeiro tempo da partida, veio o segundo, e o Micuim sempre na mesma batida, o que vendiam, ele pedia.
Ainda bem que o Guarani estava ganhando a partida, e quando faltava uns dez minutos para o fim do prélio, para reforçar a defesa e segurar o resultado, o treinador retira um atacante e coloca o Lambari, jogador de força física, volante de espantar qualquer perigo que rondasse a sua defesa, aplaudidíssimo pela sua torcida.
Lá do alto do pavilhão central do Estádio Estrela D’Alva, o serviço de alto-falante anuncia a substituição, informando os torcedores:
- Sai Zé Roberto e entra LAMBARI!!
Sem nem imaginar o porquê, nosso padrinho por intuição resolveu olhar para o seu afilhado, quando veio a surpresa (seria surpresa?):
- Padinho, padinho, me dá um lambari???
E, novamente, seus olhinhos brilharam de satisfação...
Por onde será que anda o Micuim? Me deu saudades.

terça-feira, 2 de janeiro de 2018

TRANSPARÊNCIA

                                                                                                                                                                                                       Krretta

             De verdade, não gostaria de estar escrevendo isso...
            Queira o Bom Deus que eu esteja totalmente enganado.
            Não é nada comum, e muito menos alentador chegar nos primeiros dias do novo ano e ter essa posição.
            Mas preciso ser racional, e abomino a hipocrisia.
            Sou e sempre fui convicto de que a verdade precisa vir sempre a frente de nossas atitudes.
            De que adianta viver de mentiras?
            Usar disfarces, esconder sentimentos e verdades, são decisões que não fazem parte dos meus atos.
            Vocês sabem, todos nós sabemos que, mais dia ou menos dia, a verdade sempre aparece.
            O ato de iludir soa sempre como um ato falho.
            Disfarçar, tentar dissimular, criar expectativas que não estão em conformidade com suas convicções, não é o ideal, mesmo porque conviver com estas atitudes é pisar em areias movediças.
            Volto a dizer: tomara esteja eu totalmente equivocado.
            Queria sim poder estar escrevendo a todos os que me leem, de que outros dias estariam vindo por aí...bem melhores do que vivenciamos no ano que já passou...queria.
            Todavia, os fatos e as circunstâncias dão conta de que nada vai mudar, de que nada vai acontecer para melhorar a vida dos brasileiros, de que as angústias ainda vão habitar o nosso dia-a-dia...
            Sinceramente?
            Não acredito em tempos melhores, infelizmente.
            É disso que eu falo.
            É disso que eu não sei como trazer à vista de vocês nestes primeiros dias do ano, pois que os cenários da vida brasileira que ora se avizinham, no meu entender, são os piores possíveis.
            Basta lembrar nos “presentes” que os brasileiros ganharam do Sr. Temer e seus asseclas, neste fim-de-ano.
            Espero que não tenham esquecido!
            Verdadeiramente, vocês são convictos de que a saúde, a segurança, a educação, a infraestrutura, a taxa de desemprego, e todas as mazelas do povo tupiniquim vai melhorar?
            Essa imagem é que vejo num Brasil logo ali adiante, a continuar como sempre foi.
            E mais, é ano eleitoral, é dinheiro público aos borbotões, servindo as mais diversas e indecentes falcatruas, inerente a estes senhores da Corte.
            Ah! E creiam, piamente, de que um salvador da pátria deverá aparecer no meio de toda essa balbúrdia que vai ser estas eleições, e como Don Quixote de La Mancha, lutará bravamente contra os moinhos, e se dirá o salvador da pátria, só que não...
            Se tudo neste país fosse normal e seguissem as normas da boa conduta, do respeito, da honestidade, da prática do bem, com certeza hoje, aqui e agora, estaríamos falando de tempos muito melhores, de alegrias e de um futuro promissor...
            Repito de novo: tomara a Deus que eu esteja totalmente enganado.
            Mas, nesses dias que ora começam a engatinhar, estreando o ano de 2018, não tenho nenhuma convicção de bons ventos.
            Quero ser sincero, antes de mais nada comigo mesmo, e é claro que com vocês.
            Lhes digo: Brasil, para mim, é sinônimo de pessimismo.
            No entanto, como tudo na vida, e como bons brasileiros que somos, não devemos em hipótese alguma perder nossas esperanças.
            Como diz o professor Cortella, “a esperança de esperançar, não a esperança de esperar”... porque se formos esperar que o nosso Brasil mude para melhor, pelas mãos destes políticos que aí estão, vamos sucumbir definitivamente e para sempre.
            Sendo assim, mesmo nos primórdios de um novo ano, cumpro o meu dever com muita sinceridade, leal a mim e aos meus princípios, racional e sem hipocrisias, longe das mentiras, dos disfarces e das dissimulações, externando apenas aquilo que sinto e que penso, ou seja, nada no amanhã do meu Brasil me entusiasma, ao contrário...
-:-