segunda-feira, 15 de outubro de 2012

O GUACHO

Krretta hcarretta@yahoo.com.br No Dicionário de Regionalismos do Rio Grande do Sul, de Zeno Cardoso Nunes e Rui Cardoso Nunes, tanto poder ser guacho quanto guaxo, que quer dizer: animal ou pessoa criado sem mãe ou sem leite materno. Pois bem, a narrativa que vem a seguir conta um conto e, também aumenta um ponto, mas, com toda a certeza, lá para Nova Bréscia vale bastante. O nosso Cantão do Abranjo também tem seus fatos. Um deles, e, que está registrado em fotografias, dia desses foi relembrado e dá conta de um carneiro muito sabido que viveu por lá. Pois um grande amigo, depois de ter construído a sua residência, houve por bem, para que os animais não entrassem na sua propriedade, também construir um mata-burro. Passado um tempo, notou que o referido carneiro, muito embora o mata-burro, passava de um lado para outro, sem nenhuma cerimônia. Como o carneiro passava de um lado para outro, se existia o mata-burro? Nunca ninguém, até então, tinha visto a artimanha do carneiro, até que um dia, para surpresa geral, puderam presenciar a astúcia do animal. Acontece que o carneiro, em sua brilhante sabedoria, para ultrapassar o mata-burro, ajoelhava-se, e, com as patas dianteiras dobradas, arrastava-se em cima do dito cujo, e, ultrapassava-o com muita facilidade. Por isso, nunca ninguém tinha entendido por que as suas patas dianteiras eram desprovidas de lã nas dobras (cotovelos), digamos assim. Ou seja, o carneiro rastejava em cima do mata-burro a cada vez que queria ultrapassá-lo. É verdade! Dizem que tem até fotografia. E, por conta deste carneiro, outras histórias surgiram deste mata-burro, inclusive que alguns cavalos também cruzavam no mata-burro, pisando com as quatro patas, de madeira em madeira. Inclusive, que as ovelhas, principalmente as de raça para abate, são tão espertas que deitam-se para ultrapassarem por baixo do último fio de arame, no entanto, destas não se tem nenhum fato registrado em foto, mas, que também é verdade, isto é, e, afirmado por outro amigo presente ao relato do carneiro rastejador. E o guacho? Pois a prosa ia se desenvolvendo alto do chão, e ninguém deixava a “bola” quicar que já enfiava o pé, quando surgiu a história do guacho. Inspirado no relato do carneiro rastejador, dos cavalos equilibristas, das ovelhas que deitavam-se no chão para ultrapassarem os arames, que outro grande amigo apareceu com o “seu” guacho. Conta ele que uma das ovelhas morreu ao parir o cordeiro, e, como é de costume, o capataz do Cantão do Abranjo passou a tratá-lo com leite na mamadeira, para que se fortalecesse e se criasse. Pois o guacho foi se criando e, mantendo uma grande harmonia com os cachorros lá do Cantão. Quando chegava gente e os cachorros saiam latindo e correndo, lá ia o guacho junto, corriam nos carros e o guacho junto. Era os cachorros sair latindo numa capivara pelas barrancas do Camaquã e lá ia o guacho junto, corria uma lebre e o guacho junto, se jogavam no açude para se refrescarem e o guacho junto, tornando-se parceiro e amigo dos cães. E foi num belo dia que, numa churrascada ao ar livre, este nosso amigo jogou um osso com carne para os cachorros e, para a sua surpresa, o guacho num pulo cinematográfico abocanhou o osso e se mandou “a la cria”, para degustá-lo. Que tal te parece, vivente?